No próximo dia 22 de março é celebrado o Dia Mundial da Água. O Brasil, líder em quantidade de água doce no mundo, não tem muito o que comemorar. Ao RDtv nesta sexta-feira (19/3) a bióloga e professora da Universidade Municipal de São Caetano do Sul, Marta Marcondes, relatou sobre a expedição feita no rio Tietê no final do mês de janeiro e entre os achados está um grupo de bactérias que apresentam resistência a antibióticos.

Foram seis pontos de coletas feitos pelo projeto “A Voz dos Rios”, entre a Capital e a cidade de Salesópolis (Parque das Nascentes do Tietê). Com exceção da nascente, os demais pontos apresentam uma qualidade de água ruim ou péssima, conforme apontado na nota técnica da 16ª Carta de Conjuntura da USCS (Conjuscs).
E a péssima qualidade da água em decorrência da falta de tratamento adequado do esgoto coletado acabou gerando uma série de descobertas. “Nós encontramos pelo menos uns oito grupos de novos tipos de bactérias que são patogênicas. O que isso significa? São bactérias que são prejudiciais à saúde, que causam algum tipo de doença e essas bactérias que nós também estamos acompanhando começaram a apresentar residência a antibióticos”, explicou a especialista.
A origem dessas bactérias é a urina que chega até os rios sem o tratamento devido. Foram encontrados vestígios de componentes químicos encontrados, por exemplo, em anticoncepcionais e outros tipos de medicamentos.
Tal fator acaba gerando uma série de problemas em todo o ecossistema. Além disso, atrapalha nas próprias medidas de higienização que devem ser realizadas para que a pessoa se proteja do novo coronavírus, principalmente as mais pobres que muitas vezes acabam utilizando a água sem o tratamento adequado.
Tal levantamento vai gerar um documentário que estreará brevemente contando a história desta expedição e mostrando os principais problemas do Tietê.
Questionada se a situação é idêntica na represa Billings, principal reservatório do ABC, Marta explica que o caso é diferente, pois 60% da represa apresenta boa qualidade. Os outros 40% são de áreas ocupadas por moradias e que acabam recebendo o esgoto sem tratamento, algo que é alvo de projetos da Sabesp como o pró-Billings.
Confira abaixo toda a nota técnica sobre a expedição: