A pandemia da covid-19 trouxe não só a necessidade do isolamento social, mas o desemprego e uma grave crise financeira, o que desencadeou transtornos mentais para uma grande parcela da população. De acordo com o médico psiquiatra Cyro Masci, desde o início da pandemia, em meados de março do ano passado, a busca por atendimentos na área cresceu entre 25 a 35%, justificado por problemas como ansiedade e/ou depressão.
Além de afetar diretamente as pessoas que ficaram desempregadas, o médico explica que o isolamento social atingiu principalmente os que já possuíam alguma condição mental e tiveram que lidar com o home-office. “Estamos vivendo uma resposta a uma ameaça de um vírus que até então era desconhecido. O fato de existir a obrigatoriedade de ficar em casa complicou o cenário para quem mantinha tratamento para transtorno mental, e desencadeia para quem, de um dia para o outro, perdeu a ocupação”, explica.
Segundo o médico, entre os principais sintomas de saúde mental que fazem as pessoas procuraram mais os serviços de saúde estão a ansiedade, nervosismo ou tensão, perturbação de sono e uso abusivo de álcool ou medicação. “Durante a pandemia, é normal a exacerbação de emoções e sentimentos. Essa situação implica em uma perturbação psicossocial que pode afetar diretamente a população em vários níveis de intensidade”, explica.
Assim, Masci aconselha que neste período, quem sofre com problemas emocionais, procure evitar motivações que atrapalhem o sono ou gatilhos que possam desencadear transtornos mentais. “Sugerimos que, para quem fica mal com notícias ruins da pandemia, substitua a televisão por algo que distraia a mente. Antes de dormir, ao invés de assistir um filme de terror, assista uma comédia para um sono mais tranquilo. São pequenas atitudes que relaxam a mente e podem trazer resultados significativos”, aconselha.
O especialista diz que apesar de não existir uma forma de “medir” as emoções, circunstâncias adotadas no dia-a-dia podem ajudar a evitar perturbações do cotidiano. “É muito difícil entender ou medir os próprios sintomas ou os de alguém próximo, como um familiar. O que se deve questionar é se o que você está fazendo está sendo bom para você e se aquilo está te gerando boas sensações ou não, assim como para sua família”, explica.
Procurar manter rotinas de sono, fazer exercícios físicos – ainda que dentro de casa – e manter uma alimentação saudável, também são orientações do médico. “São formas para manter a mente ocupada e o corpo em dia. Quanto as preocupações, o conselho é: escreva em um caderno. Antecipe suas preocupações, mas não se ocupe delas. Quando for ver, até o final do dia, a maioria já vai ter desaparecido”, aconselha.