O técnico de refrigeração, Anderson Martins, de 52 anos, ameaçou explodir a agência do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) que fica na avenida Goiás, em São Caetano. Com dispositivos que aparentavam ser bastões de dinamite atados ao corpo, o homem dizia que seu benefício havia sido suspenso e que ele explodiria todo o quarteirão caso seu problema não fosse resolvido. Após negociação com a polícia o homem acabou se entregando e ninguém se feriu.
Bombeiros, Defesa Civil, policiais militares e civis fecharam o trecho da avenida. O Gate (Grupo de Ações Táticas Especiais) da Polícia Militar chegou a analisar os dispositivos, mas constatou que o conjunto de objetos foi feito para parecer uma bomba. Seis tubos vermelhos e alguns fios foram apreendidos.
Após ser contido Martins foi encaminhado ao Hospital Albert Sabin. Segundo a Secretaria de Segurança Pública seis simulacros de dinamite, cinco fios e um detector foram apreendidos. Foi solicitada perícia ao Instituto de Criminalística. O caso foi registrado como exercício arbitrário das próprias razões e localização/apreensão de objeto pela Delegacia Sede de São Caetano.
Os advogados Francisco José de Pietro Verrone e Wesley Dornas de Andrade, acompanharam o atendimento de Anderson Martins no hospital. Verrone contou que seu cliente está bem, foi liberado pela polícia e está em casa. “Ele tinha um auxílio-doença que estava com os pagamentos atrasados, ele deu entrada no pedido de aposentadoria por invalidez que foi deferido em janeiro do ano passado, mas não recebeu nem os atrasados, essa situação tem quase quadro meses aí ele entrou em desespero”, explicou o advogado, que acrescentou que Anderson Martins, tem diabetes e por conta da doença teve que amputar as duas pernas abaixo dos joelhos.
Em casa, Anderson Martins conversou com o RD, ao lado do advogado Aldo Simionato Filho, que vai cuidar da questão previdenciária do beneficiário. Ele contou que preparou a bomba falsa com objetos que tinha em casa, e que agiu num momento de desespero, mas que faria tudo novamente, pois não viu outra forma de solucionar o problema. “Fui várias vezes na agência, era sempre barrado, disseram para resolver por telefone e eu não tinha respostas, foi um momento de desespero. Inclusive hoje procurei a assistente social do posto de saúde, eu nunca tive a intenção de ferir ninguém”, disse o técnico de refrigeração.
Martins disse que trabalhou a vida toda consertando aparelhos domésticos e que contribuía como autônomo. “Não sei dizer quanto tempo eu contribuí, mas foi uma vida inteira”, comentou. Ele também disse que vários problemas de saúde vêm afetando sua vida desde 2015. “Eu perdi um rim, depois fazendo a hemodiálise meu coração foi atacado, por causa da diabete e da falta de fluxo sanguíneo perdi minhas pernas, depois ainda peguei covid e estou com problemas de visão”, conta o morador de São Caetano.
O advogado Aldo Simionato Filho disse que o direito de Martins a aposentadoria por invalidez foi reconhecido pelo INSS em janeiro do ano passado e ninguém consegue esperar tanto tempo. “Essa é a situação pela qual passam milhares de brasileiros que precisam do INSS”, comentou.
INSS
O INSS informou, em nota, que Martins forçou a entrada no local pois não tinha horário agendado, e diz ainda que o beneficiário continua recebendo o auxílio-doença. “Sobre o benefício, a Perícia Médica Federal sugeriu a concessão de Aposentadoria por Incapacidade Permanente em janeiro de 2020. O segurado passou por exame pericial, confirmando o direito ao benefício, que foi concedido em 18 de fevereiro de 2021. Ao longo de todo esse período, porém, o segurado não ficou desassistido, pois já vinha recebendo Auxílio por Incapacidade Temporária (antigo auxílio-doença). Os valores da aposentadoria estão disponíveis para saque no banco desde o dia 26 de fevereiro”, informou o instituto.
O informe do INSS orienta ainda que os segurados que deixaram de ser atendidos na unidade nesta terça-feira (16/03) já tiveram o atendimento reagendado para a próxima sexta-feira (19/03).