Trump anuncia decreto para ‘priorizar’ entrega de vacinas aos americanos

(Foto: Divulgação)

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou nesta terça-feira, 8, um decreto para priorizar a entrega de certas vacinas – incluindo a contra covid-19 – aos americanos primeiro antes de outros países. No mesmo dia, o presidente eleito, Joe Biden, prometeu 100 milhões de doses da vacina em 100 dias.

Não está claro o efeito prático do decreto, uma vez que os fabricantes das vacinas já firmaram acordos com outros países. O texto, que Trump assinou durante uma cúpula de vacinas na Casa Branca, não foi tornado público de imediato. Mas a medida sugere que os EUA estão preocupados com uma possível escassez no momento em que preveem imunizar dezenas de milhões de pessoas nos próximos meses.

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Embora Trump tenha tentado levar o crédito por desenvolver as vacinas e sua eventual disponibilidade, o jornal New York Times informou na segunda-feira que a Casa Branca perdeu a oportunidade de garantir a compra de mais doses da Pfizer meses atrás. Como a Casa Branca não estava disposta a expandir seu pedido antes que os testes finais mostrassem que a imunização era 95% eficaz, a Pfizer fechou acordos com outras nações.

Há mais de 330 milhões de americanos e o governo diz que pode cumprir sua meta de fornecer uma vacina para todos até abril. A Pfizer/BioNTech, cuja vacina pode ser licenciada pela agência de medicamentos FDA nos próximos dias, só tem contrato com os Estados Unidos para 100 milhões de doses.

A Moderna, cuja vacina pode ser aprovada até o fim da próxima semana, também se comprometeu a entregar 100 milhões de doses nos EUA. Cada contrato inclui opções para doses adicionais, mas o tempo para ativar essas cláusulas pode atrasar a entrega em vários meses.

Os dois fabricantes possuem fábricas nos EUA e na Europa e existem leis que, em tese, permitiriam ao governo americano ser o primeiro na produção que é gerada, como a Lei de Produção de Defesa. “Se necessário, invocaremos a Lei de Produção de Defesa. Não acreditamos que seja necessário”, disse Trump.

A reportagem do Times questionou se, como consequência, os EUA terão doses suficientes para toda a população até o fim do segundo trimestre de 2021, como o governo espera. Altos funcionários chamaram a reportagem de falsa, apontando ainda que outras vacinas promissoras também estão em desenvolvimento, particularmente a Moderna.

Duas outras vacinas altamente avançadas em ensaios clínicos poderiam ser licenciadas no início do ano e garantir o

abastecimento dos EUA: a vacina de duas doses AstraZeneca/Oxford (da qual Washington encomendou 500 milhões de

doses), e a vacina de dose única da americana Johnson & Johnson, da qual os EUA esperam 100 milhões de doses.

100 milhões de doses em 100 dias

Biden, por sua vez, afirmou nesta terça-feira que pretende aplicar 100 milhões de doses em seus primeiros 100 dias de governo. Para cumprir essa meta, ele disse que Trump precisa comprar agora doses já combinadas com a Pfizer e a Moderna. Ele citou a necessidade de que seja bancado todo o custo para levar as vacinas a todos os cantos do país.

No mesmo período, ele pretende incentivar o uso de máscaras no país para conter a disseminação da doença, dizendo que imporá esse acessório quando houver possibilidade.

Biden falou no anúncio de sua equipe para a Saúde, entre eles Xavier Becerra para o comando do Departamento de Saúde e Serviços Humanos e Anthony Fauci como assessor médico-chefe. “As coisas podem piorar antes de ficar melhores” na crise da covid-19 nos EUA, alertou Biden em sua fala.

Ele disse que não podia prometer o fim da doença em seus primeiros 100 dias no poder, mas sim “mudar o rumo” em relação a ela no país. Outra prioridade no início do governo será levar as crianças de volta à escola e garantir que elas continuem a frequentar o ensino.

Biden também insistiu que o Congresso chegue a um acordo para um pacote de estímulos fiscais, que para o democrata é “apenas o começo” do apoio projetado. Segundo Biden, a crise de saúde é “um dos desafios mais duros que o país já enfrentou”, mas os EUA conseguirão superar esse momento. (Com agências internacionais)

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