Os brasileiros passaram a cuidar menos do coração durante a pandemia do novo coronavírus (covid-19), segundo o Instituto Brasileiro de Pesquisa e Análises de Dados (IBPAS) que revelou 320 mil vítimas fatais da doença somente este ano. Assim, o Dia Nacional de Prevenção de Arritmias Cardíacas e Morte Súbita, celebrado nesta quinta-feira (12), alerta para a necessidade de conscientização sobre a incidência e prevenção da doença que afeta tantas pessoas, ano após ano.
Em entrevista ao RDtv, a docente da Universidade São Judas e presidente da Regional São Paulo da Sociedade Brasileira da Farmácia Clínica (SBFC), Ana Cristina Lo Prete, alerta que as doenças cardiovasculares são que mais matam no mundo, superando até mesmo o câncer. “A estimativa é que até o fim do ano tenhamos pelo menos 350 mil mortes ocasionadas por hipertensão ou diabetes, o que facilmente poderia ser evitado ou controlado, mas que não acontece por descuido da população”, diz.
Segundo a médica, a maior causa de óbitos no país são os desfechos negativos ocasionados pela falta de atenção e tratamento de condições como o colesterol LDL alto, hipertensão e arritmias cardíacas, que são deixadas de lado por longos anos. “São um conjunto de alterações que, em muitos casos, as pessoas deixam passar e por conta da incidência sofrem lá na frente. Apesar disso, se houver uma procura precoce, ainda é possível reverter e até controlar os quadros de muitas doenças”, enfatiza.
A boa notícia é que grande parte das arritmias e outras doenças cardiovasculares podem ser prevenidas, controladas e até mesmo revertidas com simples mudanças nos hábitos de vida, que incluem: alimentação balanceada, não fumar, não exagerar no consumo de bebidas alcoólicas e energéticos, cuidar da saúde emocional, evitando o estresse excessivo, praticar atividade física regularmente, ter horas de sono adequadas e se hidratar com bastante água ao longo do dia.
Além disso, a mudança no estilo de vida e acompanhamento médico também são recomendações. A coordenadora de cursos da Saúde da Universidade São Judas, Elaine Escobar, explica que a prevenção deve ocorrer de maneira multidisciplinar, e envolver também outras especialidades, a exemplo da odontologia. “A boca é a principal entrada para doenças que acometem o ser humano. Por isso a importância de manter a saúde bucal em dia e a cada seis meses buscar o seu cirurgião-dentista para saber se está tudo bem com a saúde”, alerta.
Entre os principais sinais para alertar que algo está errado estão: sangramento gengival e odor desagradável na boca. “São fatores de risco que podem estar fortemente associados a doenças periodontais. Por isso a importância de sempre estar atento ao que se passa com a saúde bucal, porque ela pode ser um alerta que algo não vai bem com o seu sistema imunológico”, enfatiza.
Apesar do momento de pandemia e distanciamento social, as especialistas alertam que não é o momento de se evitar buscar profissionais de saúde. “Aos poucos os serviços estão voltando e não se pode deixar de cuidar da saúde, porque doenças cardiovasculares podem resultar em situações irreversíveis. O check up é importante e deve acontecer”, completa Ana Cristina ao lembrar que os profissionais seguem orientação do Ministério da Saúde quanto ao uso de equipamentos de proteção individual (EPIs).