ABC registra 161 casos de dengue e preocupa especialistas

São Bernardo desponta com o maior número de casos (Foto: Rafael Neddermeyer)

Em meio a pandemia mundial do novo coronavírus (covid-19), o mosquito Aedes aegypti, transmissor da dengue, zika e chikungunya não deu trégua e deixou pelo menos 161 infectados no ABC, conforme apontaram as secretarias de saúde da região. O número preocupa os especialistas, uma vez que o acesso aos equipamentos de saúde e os tratamentos são dificultados por conta do distanciamento social.

No período de janeiro a setembro quem registrou o maior número de casos confirmados de dengue foi São Bernardo, com 68 vítimas do mosquito, sem óbitos e outras 759 notificações. No mesmo período do ano passado foram 452 confirmações contra 2.082 notificações da doença.

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Na sequência aparece Mauá e Santo André, ambos municípios com 34 ocorrências este ano contra 482 no mesmo período de 2019 em Mauá e 351 em Santo André. Este ano foram contabilizadas 25 e 205 notificações respectivamente. Em Ribeirão Pires foram 11 confirmações de janeiro a setembro, número ligeiramente baixo em relação ao ano passado, quando foram contabilizadas 14 vítimas no período.

Diadema e São Caetano contabilizaram sete confirmações em cada município, sendo que de janeiro a setembro de 2019 foram 497 casos no primeiro município e 70 no outro. Em relação as notificações, foram 29 em Diadema e 147 em São Caetano. Rio Grande da Serra não respondeu até o fechamento da reportagem.

Cuidados básicos

Em entrevista ao RD, o infectologista do Hospital e Maternidade Christóvão da Gama (HMCG), Carlos Quadros, orienta que a população mantenha os cuidados básicos apesar da pandemia. “As pessoas precisam ter em mente que apesar da pandemia, o cuidado é necessário, e evitar a exposição é o ideal”, afirma ao sugerir o uso de redes de proteção, aerossóis e areia nos vasos de plantas.

Os sintomas da doença podem variar muito, mas de acordo com médico, em sua maioria normalmente o primeiro sintoma é febre alta, entre 39° a 40°, seguida de dor de cabeça, dores no corpo e articulações, fraqueza e dor atrás dos olhos. “A queda da pressão e dores atrás dos olhos são os sintomas mais característicos da doença”, explica.

Foto: Pedro Diogo

Ao sentir esses sintomas, a pessoa deve procurar atendimento médico em uma unidade de saúde mais próxima e nunca se automedicar, pois isso pode complicar ainda mais o quadro da doença.

Pontos estratégicos

Em entrevista ao RD, o médico alerta, ainda, sobre a atenção do poder público voltada aos pontos estratégicos e visita às residências no período de pandemia, uma vez que na Primavera e no Verão, a incidência de chuvas tende a ser maior, o que aumenta a probabilidade de casos da doença.

De acordo com o médico, é imprescindível que os moradores autorizem a entrada dos vigilantes da saúde nas residências para averiguação de pontos que podem ser ou não focos do mosquito. “Esse trabalho de vistorias é extremamente necessário, porque na prática sabemos que nem todos tem a preocupação de ver se a casa está em dia com a questão de acúmulo de água e criadouro nas residências e esse trabalho pode fazer a diferença”, garante.

Em Diadema as vistorias nas residências acontecem somente no lado externo pelos agentes, e a Prefeitura monitora 58 pontos estratégicos quinzenalmente. Já em Ribeirão Pires, a visita do ACE (Agente de Combate às Endemias) está limitada nas proximidades dos domicílios (frente, lados e fundo do terreno). Além disso, segundo a Prefeitura, não se deve realizar visita domiciliar caso o responsável tenha idade superior a 60 anos. São monitorados 12 locais de risco também a cada 15 dias.

Em São Bernardo, 105 estabelecimentos são monitorados periodicamente pelos supervisores e agentes de controle de vetores. Os que não seguirem são penalizados. Em Mauá são 47 pontos estratégicos para ser vistoriados a cada 15 dias e a recomendação à população é fazer retirada de todo o material que acumule água, além de manter limpa caixa d’água e calhas.

São Caetano monitora 12 pontos estratégicos e 26 imóveis especiais, sendo estes locais de grande circulação como unidades básicas de saúde e hospitais com visita bimestral. De acordo com a administração, o agente é orientado a trabalhar peri domicílio (frente, lados e fundo do quintal) nas residências e há, ainda, a ação inédita de nebulização veicular com a máquina acoplada que este ano alcançou calhas, lajes e caixas d’água das moradias. O produto utilizado foi um larvicida biológico, diluído em água, que mata a larva dos mosquitos, sem efeito nocivo aos seres humanos e animais de estimação. A nebulização veicular percorreu todos os bairros da cidade.

Já Santo André, que monitora 115 imóveis cadastrados, tem trabalho de visita nas residências com agentes que orientam moradores sobre prevenção ao mosquito e entrega de panfletos explicativos.

Embora pequeno, com menos de um centímetro de comprimento, o Aedes aegypeti se desenvolve em menos de uma semana e vive por pelo menos 30 dias, sendo o propagador também da zika e Chikungunya, doenças que assim como a dengue podem levar a óbito.

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