ABC - segunda-feira , 29 de abril de 2024

Psiquiatras alertam para diagnóstico precoce da doença de Alzheimer

Diagnóstico precoce pode auxiliar em melhor qualidade de vida. (Foto: Sabine van Erp, Pixabay)

Lembrado no dia 21 de setembro, o Dia Mundial do Alzheimer alerta a população para a prevenção, diagnóstico e tratamento da doença, que já acomete mais de 1,5 milhão de brasileiros, segundo a Abraz (Associação Brasileira de Alzheimer). A instituição estimativa que o número quadruplique em três décadas.

Ainda assim, a Associação aponta que há subnotificações, portanto os números podem ser mais elevados já que muita gente não realiza o diagnóstico da doença, que também impacta a vida de quem cuida, por conta de questões socioeconômicas.

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No entanto, a data traz esperança de qualidade de vida. “Certamente a Ciência avançou bastante nos últimos anos e produziu ferramentas para dar mais qualidade de vida e funcionalidade às vítimas da doença, que provoca tantos prejuízos ao ser humano”, comenta Líbano Abiatar Csernik, psiquiatra do Hospital São Luiz São Caetano e Hospital Brasil.

Segundo o médico, a pandemia da covid-19 provocou atraso no diagnóstico e tratamento do Alzheimer,  já que as limitações nos serviços de saúde e o isolamento social dificultaram o não acesso às avaliações. “O diagnóstico é clínico, amparado por exames complementares, e o tratamento se baseia em medidas medicamentosas e comportamentais”, explica.

Abiatar diz que a idade é fator primordial para a doença. Quanto mais idoso, maior a chance de desenvolver a doença. Além disso, as doenças pré-existentes podem contribuir para o Alzheimer. “Hipertensão arterial sistêmica, dislipidemia, doença cerebrovascular, diabetes e obesidade estão associados à enfermidade”, completa.

Para Ana Paula Dias, neurologista em São Bernardo, fazer o tratamento do Alzheimer o quanto antes, mesmo sem cura comprovada, ajuda atrasar a evolução da patologia. “Com o acompanhamento desde do início da doença é possível postergar a propagação da mesma e proporcionar uma qualidade de vida para o paciente, antes de uma piora significativa”, afirma  médica, especialista pela Academia Brasileira de Neurologia.

A neurologista explica que o Alzheimer é uma anomalia que afeta as células cerebrais, os neurônios e também abala a proteína tau. Com isso, ocorrem alterações de depósito de beta-milóide, emaranhados aos neuros fibrilares. Por conta dessas alterações, a vítima perde a capacidade de atenção, concentração, autocuidado e a memória”, diz.

Cuidados na prática

Em Ribeirão Pires, Gerson Arruda, de 38 anos, teve de readaptar sua vida para cuidar do pai, diagnosticado com Alzheimer aos 93 anos, quando o aposentado ainda morava em Minas Gerais e teve de vir para o ABC receber cuidados do filho. “Quando fui buscá-lo ele não se lembrava mais de nada, foi um susto, meu pai estava com a esposa e filho da mesma, por isso não tive mais informações sobre a doença de início”, afirma.

Na região, o idoso faz fisioterapias para estimular a memória e Gerson vê estabilidade no quadro clínico do pai. “Em comparação ao passado, o quadro do meu pai apresentou evoluções, às vezes ele tem lapsos de memórias e recorda dos familiares, mas não é sempre, a fisioterapia tem colaborado muito”, conta.

Arruda comenta que sempre se ouve falar do Alzheimer, mas só se conhece como a doença é, de fato, quando tem de lidar com a vítima, que exige paciência. “Tive de parar de trabalhar para poder me dedicar ao meu pai, não é uma situação favorável, ela pede sacrifícios”, conta.

A cuidadora de idosos, Adriana Chaveiro da Silva, 41, afirma que é um desafio identificar a doença, pois existem muitos medicamentos que idosos tomam que causam confusão mental. “Pregabalina é uma das medicações que ocasiona sintomas parecidos com o Alzheimer, então é preciso estar atento ao paciente e se doar por inteiro a ele”, afirma.

Adriana comenta que nos cuidados de idosos com Alzheimer procurava tratar o paciente com lembranças que tinha acesso dos familiares e amigos. “Eu procurava mostrar fotos de familiares e amigos, jogar caça-palavras ou outras atividades que estimulam a memória”, diz a cuidadora. (Colaboraram Fernando Scerveninas e Nathalie Oliveira)

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