As medidas de restrição impostas pela pandemia do novo coronavírus (covid-19) levaram ao fechamento temporário de diversos setores, entre eles as instituições de ensino em todo o mundo. Com isso, um dos ramos que mais sofreu com as restrições foi o de transporte escolar, visto que muitas escolas ou universidades fecharam as portas e adequaram as aulas para o sistema digital.
Motorista de transporte escolar há 15 anos em Mauá, Daniela Alberganti atende colégios municipais e particulares no município e detalha que desde o início da pandemia, em meados de março, cada profissional precisou se readequar para conseguir pagar suas dívidas, tendo em vista que desde então estão paralisados. “Estamos completamente parados e sem ajuda nenhuma do governo”, conta desanimada.
Segundo a motorista do bairro Jardim Zaíra, o que tem mantido a renda familiar é a ajuda dos poucos clientes que restaram, que por amizade e fidelidade à ela e sua família, contribuem com o setor. “Pouquíssimos clientes ainda estão nos pagando metade da mensalidade, mas fazem isso por amizade e até empatia pelo momento que estamos vivendo”, conta ao afirmar, ainda, que outros transportadores estão em situação de situação de vulnerabilidade social e até chegaram a entrar em depressão.
No Baeta Neves, em São Bernardo, o motorista de van escolar Daniel Aparecido Romera Mendes, conhecido como Tiozão, também está sem trabalhar desde meados de março. Para conseguir dar conta das dívidas, o trabalhador conta que apelou para o auxílio financeiro disponibilizado pelo Governo, no valor de R$ 600, mas que não deve segurar as contas por muito tempo. “O que peguei de auxílio só dá para pagar contas, mais nada”, conta.
O que preocupa o motorista, é a falta de verba para manter as despesas mensais de sua casa. “Já fizemos carreatas, manifestações, mas não deu em nada, continuamos sem nenhum tipo de auxílio financeiro da Prefeitura, enquanto outras cidades pequenas estão ajudando transportadores”, reclama. De acordo com Mendes, outro pedido dos motoristas é que haja uma ampliação no período de vistoria dos veículos, uma vez que 2020 foi um ano “sabático” para os transportadores.
Em nota, a Prefeitura de São Bernardo informa que recebeu comissão de transportadores escolares no início de agosto para debater pleitos da categoria. Entre os pedidos acatados está a prorrogação até 2021 para troca de veículos que teriam prazo expirado em 2020 e o vencimento dos alvarás de táxi e dos Certificados de Registro Municipal (CRM) de vans escolares por mais um ano. Também foi autorizado, em caráter excepcional, o uso dos veículos para transporte de cargas dentro do município, até retomada regular dos serviços.
Segundo a administração, a categoria também foi uma das contempladas com a entrega de kits de alimentação por parte da Prefeitura. “Foram beneficiados 1.350 condutores escolares credenciados na Secretaria de Transporte, incluindo monitores, autônomos e cooperados”, informou em nota.
As Prefeituras de Mauá e Diadema informaram que até o momento não há auxílio para a categoria, exceto no primeiro município, em que as famílias em condição de vulnerabilidade social recebem auxílio. Já em Ribeirão Pires, a categoria formalizou junto ao município pedido de isenção do ISS (cobrança anual de R$ 278). O pedido está sob análise jurídica. Por meio do Fundo Social, cerca de 80 profissionais, entre motoristas e monitores, que atuam no transporte escolar receberam kits de alimentos.
Cestas básicas
Em Santo André, a Prefeitura informa que atualmente há 416 transportadores escolares cadastrados na SATrans. Foram entregues aproximadamente 1.100 cestas básicas a estes profissionais nos meses de abril, maio e junho. Todas as concessões de uso por alvarás foram prorrogadas automaticamente para todos os transportadores escolares.
Para o recebimento deste auxílio bastava que o transportador escolar fosse devidamente cadastrado na SATrans. Eles são informados do dia e horário para a retirada das cestas básicas nos meses informados.