Quarenta mães de alunos da APAE (Associação de Pais e Amigos do Excepcional) de Diadema estão preocupadas em perder o atendimento para os filhos que fazem tratamentos com terapeutas ocupacionais, fonoaudiólogos, fisioterapeutas e psicólogos. Isso porque acabou o convênio que a entidade mantinha com o Ministério da Saúde através do Pronas-PCD (Programa Nacional de Apoio à Atenção da Saúde da Pessoa com Deficiência), e os tratamentos vão só até o dia 31/08. A associação informou que pretende manter o tratamento através de uma nova parceria, desta vez com o município, mas a negociação ainda não foi concluída.
Gabriela Cristina Rodrigues Pereira, mãe do pequeno Arthur, de 3 anos, diz que não sabe como vai manter o tratamento do filho que ainda não tem um diagnóstico fechado da sua deficiência. O menino não andava, não falava, nem conseguia ficar sentado. Ela conta que a criança teve um desenvolvimento muito bom com um ano de tratamento multidisciplinar na APAE. “O desenvolvimento foi muito bom, agora que ele já estava ficando mais firme, vem essa notícia de que o atendimento vai parar”, lamenta. Gabriela até mudou de casa, alugou um imóvel perto da instituição, que fica no bairro Parque Real. “Não dava para pagar motorista duas vezes por semana para levar o Arthur, então eu mudei para cá para ficar mais perto”, conta a mãe que dedica todo seu tempo para cuidar da criança.
Outra mãe que está preocupada com a suspensão do atendimento é Maria da Glória de Matos, mãe de Ana Clara, também de 3 anos e que tem autismo. “Consegui essa vaga na APAE depois de chorar muito, buscar aqui e ali. O tratamento é excelente, em cinco meses minha filha está andando e já fala algumas palavras, lá ela passa com fisioterapeuta e fonoaudiólogo”, explica.
Com a pandemia as terapias passaram a ser feitas de forma online, por aplicativos e por chamadas de vídeo. “Está dando certo. A terapeuta mostra como eu tenho que fazer para estimular e eu faço. É realmente algo que funciona, ela me ajudou a fazer um quadro de tarefas, ensinou a Ana a pronunciar as letras. Minha filha já fala várias palavras”, conta Maria da Glória sobre o progresso da filha.
O presidente da APAE, Fernando Duque Rosa, disse que a instituição está se esforçando para manter o atendimento mesmo durante a pandemia. Ele relatou também que sem os convênios a instituição não tem como manter os atendimentos. “Somos uma entidade de assistência social sem fins lucrativos. Sempre que há encaminhamento da área de saúde atendemos, mas a pandemia deixou as coisas mais difíceis”, comentou. A gerente administrativa da APAE, Adriana dos Santos Arashiro completou dizendo que o convênio com o Ministério da Saúde começou em maio do ano passado e tinha um ano de validade. “Nós ainda conseguimos segurar até o final deste mês”, explicou.
A tentativa de um convênio com o município é a esperança para as 40 crianças que recebem atendimento através do Programa de Estimulação Precoce. “Paralelamente estamos conversando com a secretaria municipal de saúde e a receptividade tem sido muito boa. Já temos convênio com o município para atendimentos de pessoas dos 6 aos 30 anos. A proposta é ampliar o atendimento para a faixa de 0 a 6 anos. O atendimento seria feito pela APAE, da mesma forma, mas os recursos são da prefeitura”, aponta Adriana.
Enquanto o convênio com o município não é firmado a administração municipal aponta um plano para atender as crianças. “A prefeitura procurará viabilizar que os casos acompanhados pela APAE (estimulação precoce), retornem para atendimento no CER (Centro Especializado em Reabilitação – Quarteirão da Saúde), de acordo com prioridades”.