Quatro pré-candidatos a prefeito de Mauá, Donisete Braga (PDT), Wagner Rubinelli (PTB), Marcelo Oliveira (PT) e o João Veríssimo (PSD) participaram do programa especial do RDTv sobre as eleições. Na semana em que a Polícia Federal fez buscas na prefeitura e na casa de do prefeito Atila Jacomussi (PSB), os postulantes a cadeira no Executivo mauaense deram suas opiniões sobre a situação política atual da cidade e disseram quais seus planos para uma gestão eficiente, responsável e transparente.
O programa abrirá espaço também para os demais pré-candidatos ao comando da cidade. Cada candidato respondeu quatro perguntas em um tempo limitado a dois minutos. Não houve perguntas de candidato para candidato e ao final cada um ainda teve um minuto para explanação livre.
Operações policiais
A primeira pergunta envolveu justamente o fato que movimentou a já inquieta política da cidade; a operação da Polícia Federal. Os candidatos tiveram que responder, quais garantias dariam para que operações policiais não se repetiriam em suas gestões, caso eleitos. “Fui prefeito e no trato relacionado à merenda tivemos todo o zelo com essa temática que hoje envergonha nossa cidade”, disse Donisete Braga referindo-se a investigação de desvio de dinheiro da merenda escolar que teve como alvo Atila Jacomussi. “Vamos prezar pela transparência e vamos combater qualquer ato de corrupção. Hoje o morador de Mauá é motivo de chacota e piada; o prefeito já foi preso duas vezes e essa semana de novo a PF na cidade”, sustentou o pedetista que já governou Mauá entre 2013 e 2016.
O juiz João Veríssimo disse que pretende dar todas as garantias para que órgãos de fiscalização e repressão ao crime organizado possam atuar em Mauá e, para tanto, prega transparência. “Vou proporcionar todas as garantias para que o Gaeco (Grupo de Atuação Especial contra o Crime Organizado – órgão do Ministério Público) atue em Mauá. Eu vou garantir a todas as áreas da segurança pública transparência para que possam atuar. Existiram crimes de corrupção em Mauá e garanto que de 2.021 para lá não terá motivo.Vamos garantir políticas transparentes. O Gaeco precisa atuar sim, pois Mauá está em um momento terrível, mas tenho certeza que na minha casa ele não vai”, respondeu o social democrata.
“Ter responsabilidade e compromisso com a cidade é a primeira coisa que o gestor tem que ter”, destacou o petista Marcelo Oliveira ao responder a mesma questão. O vereador disse que implantou ações de transparência na Câmara enquanto presidente do Legislativo. “Na Câmara busquei dar informação e acesso de forma transparente. Temos que estimular o MP a acompanhar o mandato. Essa troca de prefeito atrapalhou a cidade”, diz em relação as interrupções do mandato de Jacomussi e o ingresso de Alaíde Damo (MDB). “Não tem médico, falta material de limpeza e professor. Terei transparência e respeito com o dinheiro público. Uma cidade formada de operários e trabalhadores honestos, não merece o que está acontecendo”, disse o petista.
Rubinelli quer criar filtros para que casos de corrupção não aconteçam. Ele defende auditoria externa nos contratos e o compliance, um órgão de controle interno. “O primeiro filtro para que isso (corrupção) não ocorra é a escolha da população. Os criminosos que querem manter o poder vão usar de artifícios dos mais diversos, inclusive a fake news. O eleitor deve buscar no site no Tribunal de Justiça para ver os processos que cada um (pré-candidato) tem. O segundo parâmetro é ver o que cada um já vez. Quero auditar todos os contratos da prefeitura, um por um, tem empresas que estão lá há 20 anos, sempre as mesmas, como pode ser sempre as mesmas que ganham (licitações)?”, indaga.
A segunda pergunta seguiu na mesma linha da primeira e os candidatos tiveram que responder como a população poderá acreditar que a prefeitura terá menos problemas com a Justiça a partir de 2021. Veríssimo concorda com a proposta de compliance do concorrente. “É preciso informar os dados dos processos administrativos. Precisa transparência colocar, compliance em toda a administração. Tudo é fácil de fazer. Problemas vão ter e cabe a nós zelar para que isso não aconteça”, resume o juiz.
Marcelo Oliveira destacou sua história na vida pública e chamou a atenção para as alianças que podem ajudar ou prejudicar o projeto de uma chapa. “Em três mandatos de vereador passamos por muitas turbulências e estou trabalhando tranquilo. Sou metalúrgico há 35 anos na General Motors, fui motoqueiro, ou seja, nossa história avaliza todo esse trabalho. Tem que olhar muito as alianças que são feitas. O prefeito fez muitas alianças e dá nisso, é preso, é solto, é PF na casa dele. Tem que ter compromisso com o dinheiro público”.
Para Rubinelli, além da auditoria e órgão interno de fiscalização é que preciso a população tenha facilidade de acesso aos atos do prefeito. “Muitos contratos já são objeto de investigação. Tem que contratar empresa isenta e auditar todos e o compliance para acompanhar os processos e dar possibilidade da população ter mais acesso. Estamos na era digital, portanto,tem que ser tudo publicado digitalmente. Pode ocorrer (erro ou corrupção), mas o prefeito tem que exonerar de pronto, dar resposta imediata”.
“Em 2016 na minha busca pela reeleição eu apresentei as realizações, mas a população acreditou nas mentiras do Atila”, responde Donisete Braga. “Se o prefeito pinta a cidade de amarelo e azul é porque são obras que nós fizemos. Povo quer responsabilidade do setor público e quanto mais burocracia, mais difícil do povo entender, eu prefiro conversar e ser transparente”, propõe o ex-prefeito.
Legislativo
Sobre a relação com a Câmara, todos pregam parceria com o Legislativo e liberdade para que o mesmo fiscalize o Executivo. “Não tenho dúvida que irei respeitar o legislativo que tem papel fundamental de fiscalizar. Também tem que diminuir a máquina pública, discutir onde vai ser investido o dinheiro da população e incluir as pessoas com o Orçamento Participativo”, disse Marcelo Oliveira. “Vamos discutir com a Câmara para que ela possa nos ajudar a governar, se tiver acordo vai ser por cargos técnicos; vamos trabalhar ter uma relação estável”, opina Rubinelli. “Tenho preocupação quando o prefeito começa a deixar a Câmara no segundo plano, quando vejo vereador comprando roçadeiras porque prefeito não atende pedido deles”, disse Braga. “Meu diálogo com a Câmara vai ser pautado no bem para a cidade”, pontuou Veríssimo.
Vice
A quarta e última pergunta foi sobre a participação do vice num eventual mandato do candidato. Donisete Braga disse que sua pré-campanha já tem pelo menos dois nomes para vice: Cléber Brock, gerente do Mauá Plaza Shopping, e a psicóloga Risele Borges. “Qualquer um dos dois vai ser bom e terá um papel decisivo”. Veríssimo também comparou a escolha do vice com a situação atual da prefeitura. “Nenhum dos meus secretários terá dinheiro na panela, armário muito menos no ar-condicionado, nós do PSD e do Podemos ainda não escolhemos o vice, mas com certeza ele terá que ter ficha limpa”, aponta o juiz. Marcelo Oliveira disse a escolha foi realizada com debate interno do partido e o vice é o ex-prefeito Osvaldo Dias. “Orgulho do PT eleger como nosso vice, o prefeito Oswaldo Dias. Não sou eu quem escolho, é a militância e os filiados. Ele terá papel fundamental, vou ouvir seus conselhos”, disse o petista. Já Wagner Rubinelli cravou a professora Eliana Vileide (Republicanos) como vice na sua chapa. “Ela é técnica e tem papel importante na formulação do nosso programa de governo”, diz.