ABC - quinta-feira , 10 de outubro de 2024

Na Semana do Meio Ambiente, mostra antecipa 5 bons longas em plataforma digital

A Mostra Ecofalante de Cinema realiza sua 9ª edição em agosto – se a pandemia permitir, é claro. Mas, durante a quarentena, e lembrando a Semana do Meio Ambiente, o evento lança, como aperitivo, uma seleção de cinco filmes que tratam da questão ambiental. Estarão acessíveis, até a terça, dia 9, na plataforma Videocamp (www.videocamp.com)

Os filmes são Ruivaldo, o Homem que Salvou a Terra, de Jorge Bodansky e João Farkas; Amazônia Sociedade Anônima, de Estêvão Ciavatta, A Grande Muralha Verde, de Jared P. Scott, O Golpe Corporativo, de Fred Peabody, e Ebola: Sobreviventes, de Arthur Pratt.

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A mostra inicia com Ruivaldo, o Homem que Salvou a Terra. Conta a saga do personagem-título, fazendeiro do Pantanal em sua luta para salvar suas terras do alagamento causado pelo assoreamento do Rio Taquari, no Mato Grosso do Sul.

Com imagens belas, porém terríveis, o filme mostra o desastre ambiental que pode destruir o paraíso ecológico do Pantanal. No início ficam meio em suspenso as causas da tragédia, afinal provocadas por um rio entupido como uma artéria doente e que não pode mais circular suas águas. Alaga e assim transforma em charco tudo o que antes era vida em suas margens. Mais tarde, liga-se efeito à causa e descobre-se que a origem do problema reside rio acima, na utilização predatória do solo pelo agronegócio.

O outro brasileiro da Mostra é Amazônia Sociedade Anônima, que entra na plataforma às 17h de sexta-feira, 5. Atenção: este fica disponível por apenas 24 horas. E é filme para não perder. Tem como foco a resistência dos indígenas Sawré Muybu, que promoveram uma autodemarcação de suas terras como forma de barrar a invasão dos madeireiros. O trabalho dribla um dos problemas recorrentes do cinema ambiental, a falta de contextualização política. Aqui, pelo contrário, mostra-se como o processo de grilagem das terras se resolve em escritórios de ar refrigerado, entre senhores que falam em milhões em dólares como se fossem trocados. Isso porque, ao longo do filme, ouvimos trechos de uma gravação da Polícia Federal, que desvenda os meandros da negociação ilegal de terras no país. O desmatamento é um grande e milionário negócio – e, por isso, é tão difícil combatê-lo. Alguns depoimentos, ao vivo, ostentam o cinismo de alguns poderosos grileiros locais. Um deles se destaca, colocando para a câmera a seguinte questão: “Será que as futuras gerações gostariam mesmo que nós preservássemos a floresta amazônica? Seria como defender a preservação dos dinossauros”. Precisa comentar?

O Golpe Corporativo, Fred Peabody (vencedor do Emmy), coprodução entre EUA e Canadá, sugere que a origem da destruição ambiental deve ser buscada na distopia política de um mundo controlado por corporações e lobistas. A erosão da democracia, com tipos como Trump e seu discípulo Bolsonaro à frente, só pode mesmo ter a destruição do planeta como consequência lógica.

Em tempos de covid-19, ganha atualidade Ebola: Sobreviventes, de Arthur Pratt. O longa trata da epidemia em países africanos, tendo por foco alguns personagens de um dos países atingidos, Sierra Leoa. Em particular, um menino, uma enfermeira e um motorista de ambulância. Filme comovente, porém lúcido, que mostra a explosiva interação entre doença e miséria, coisa que conhecemos muito bem no Brasil.

A Grande Muralha Verde, de Jared Scott, com produção executiva do brasileiro Fernando Meirelles (diretor de Cidade de Deus), mostra o ambicioso projeto de construção de um “muro” verde. Oito mil quilômetros de árvores, atravessando Senegal, Mali, Nigéria, Níger e Etiópia, para tentar barrar a degradação do solo africano e servir como legado às gerações futuras. Ganhou o prêmio do público como melhor documentário na Mostra de Cinema de São Paulo do ano passado.

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