A pandemia do novo coronavírus (covid-19) continua a deixar reflexos severos em todos os setores, principalmente na Educação, que foi obrigada a reinventar a rotina de gestores, professores, alunos e familiares. Ainda que a doença tenha cravado um antes e peça a reinvenção do agora, o futuro também deve ser impactado principalmente com a implantação da tecnologia educacional, o que para muitos especialistas, é um “caminho sem volta”.
Em entrevista ao RDtv, a diretora do Colégio Stágio, Márcia Penteriche Menucelli, disse que embora a instituição situada em São Bernardo já estivesse preparada para adequação ao digital antes mesmo da pandemia, sentiu impactos significativos com a adequação ao home office. “Desde 2010 aderimos à tecnologia em sala de aula com implantação de ipads, conteúdos em sites e plataformas de apoio, mas ainda assim notamos algumas dificuldades por parte do corpo docente e alunos para dominar as ferramentas e acessar os conteúdos”, analisa.
Para isso, foi necessário um programa intensivo com os professores desde o início da pandemia, além do apoio da equipe de tecnologia da informação (TI) do colégio para aplicação e recebimento dos conteúdos. “Os que tinham menos conhecimento na área tiveram apoio dos profissionais da TI e ainda mantemos o contato via telefone e/ou plataformas digitais para sanar as dúvidas e ajudar no acesso aos dispositivos que utilizamos nas aulas”, completa.
Para a educadora, o uso da tecnologia deve permanecer mesmo após a flexibilização e volta das aulas presenciais. “É uma mudança sem volta. Percebemos o quanto essas plataformas nos ajudam em sala de aula dentro de uma metodologia ativa”, avalia a diretora ao lembrar que as mudanças são necessárias. “As escolas seguiam um mesmo modelo do século XIX. Agora, mais do que nunca, percebemos que a aula deve ser mais participativa, os alunos precisam por a mão na massa e serem desafiados, tudo o que a tecnologia auxilia e proporciona”, afirma.
Com o mesmo ponto de vista, o professor Eduardo Zamborlini, coordenador de Mídias Digitais do Colégio Singular e Cursinho Singular Anglo, diz acreditar que a tecnologia veio para as escolas para ficar, o que deverá fazer diferença no currículo dos estudantes. “A educação brasileira e mundial nunca mais será a mesma. Agora, todos saíram da zona de conforto e são incentivados a fazer dar certo essa nova realidade”, defende.
Para o educador, as mais de 1.400 aulas diárias desenvolvidas no Colégio Singular ganharam também um novo sentido, uma vez que o aluno pode ver e rever a mesma aula de maneira dinâmica, o que facilita o aprendizado e auxilia em uma melhor absorção do conteúdo. “As aulas estão agora com um maior dinamismo e, apesar das dificuldades dos alunos, percebemos que essa mudança no negócio gerou resultados positivos como melhor absorção do conteúdo até mesmo das disciplinas mais difíceis”, completa.
Na visão de Zamborlini, o uso da tecnologia educacional já é praticamente compulsório, e a educação a distância que antes sofria preconceito, se tornou consagrada como modalidade valiosa, eficaz e interessante para o aprendizado. “Até mesmo os gestores mais resistentes estão percebendo isso, essa necessidade de atualização e oferecer uma educação remota ou híbrida com qualidade e eficiência”, diz.
Diante do agravamento da doença nos últimos meses, o professor e pesquisador da USCS (Universidade Municipal de São Caetano do Sul), Wendell Cristiano Lepore, traz um estudo com reflexão sobre o setor da Educação que rapidamente encontrou alternativas para adaptação à nova realidade imposta pelo novo coronavírus.
O pesquisador afirma que o isolamento social trouxe a possibilidade das aulas síncronas, ou seja, do professor não apenas passar o conteúdo e sanar dúvidas, mas a possibilidade de interação ainda que no modelo à distância. “Mudou a forma de como os alunos constroem de maneira colaborativa as aulas e como se mantém antenados ao conteúdo aplicado de uma forma mais ágil”, diz.
Para Lepore, muitas escolas ainda estão no processo de adaptação, mas já é possível ver a nova onda de inovação, denominada pelo pesquisador como A Quinta onda. “Redes sociais, novas mídias e softwares envolvidos na educação para oferecer aulas mais atrativas, é isso que estamos vivendo. Algumas escolas foram visionárias e já se anteciparam com essas questões com mais tranquilidade, mas todas obrigatoriamente estão passando por essa adaptação, o que pode ser muito bom para a realidade das escolas”, acredita.
Em seu estudo, o professor declara também que o cenário atual aponta para a era da inovação, tendo ainda a sustentabilidade como um dos principais pilares competitivos que deve gerar novos valores econômicos, sociais e ambientais para a Educação.