Com a procura por testes do novo coronavírus cada vez mais alta, hospitais públicos e particulares buscam racionalizar a testagem e restringir a pacientes em estado grave. No ABC, apenas São Caetano já deu início ao uso dos testes domiciliares, que englobam 4 mil kits para coleta. Ribeirão Pires estuda a aquisição de 44.229 unidades do mesmo tipo de material, enquanto o restante das cidades ainda não têm previsão de aderir ao programa.
São Caetano foi pioneiro a utilizar o sistema de testagem rápida na população da região, restringido aos moradores com sintomas de gripe, como febre, tosse, coriza, etc. O programa, fruto da parceria entre a prefeitura, a USCS (Universidade Municipal de São Caetano do Sul) e a USP (Universidade de São Paulo), teve início na última segunda-feira (06/04), com auxílio de 18 carros emprestados pela General Motors.
Antes de receber o kit para a auto coleta, que é feita em casa, o morador deve registrar seus dados pessoais e informar os sintomas através do site coronasaocaetano.org, ou pelo Disque Coronavírus (0800 774 4002), que funciona de segunda a sexta-feira, das 8h às 22h, e aos sábados, das 8h às 12h. O cadastro é avaliado e alunos do 5º e do 6º ano do curso de Medicina da USCS. Os estudantes ligam para o munícipe em 24 horas para complementar as informações. Após o atendimento, é decidido se o paciente será monitorado ou se a equipe fará a entrega do kit em sua residência.
Antes da visita do aluno e do agente do PSF (Programa Saúde da Família), devidamente identificados e com luvas, máscaras e outros equipamentos de proteção individual, o morador receberá um vídeo explicativo para realizar a auto coleta, que consiste na retirada de secreções das narinas e da garganta por dois cotonetes. O material será enviado para o Instituto de Medicina Tropical da USP, que dará o resultado em até 48 horas.
A rede municipal possui 4 mil kits de testes disponíveis para atender as solicitações dos moradores. “É uma estratégia de contenção da epidemia, baseada em princípios exitosos na Coreia do Sul e no Canadá, e que segue os parâmetros da OMS (Organização Mundial da Saúde)”, ressalta o professor do curso de Medicina da USCS e infectologista, Fábio Leal.
O processo para aquisição de kits de testes para Covid-19, segue em andamento em Ribeirão Pires, por meio do Consórcio Intermunicipal Grande ABC. O município prevê receber 44.229 kits para o exame da doença, ainda sem previsão para a entrega. Após a obtenção do material, todos os pacientes com quadro suspeito de coronavírus poderão realizar a testagem, sem especificação de idade ou segmentos.
Até o momento, os pacientes com casos suspeitos de Covid-19 na rede municipal de Ribeirão Pires têm amostra coletada na UPA Santa Luzia, que é enviada, posteriormente, ao Instituto Adolfo Lutz para análise. O tempo para o resultado depende dos processos do instituto. Há, até a tarde desta sexta (10), 69 casos suspeitos em análise entre moradores da cidade.
São Bernardo, embora ainda não conte com teste domiciliar, é a única cidade do município que diz realizar a coleta em todos os pacientes que chegam às unidades de saúde com sintomas característicos do vírus. A prefeitura informa também que o resultado demora em média 15 dias para ficar pronto.
Em Santo André, a rede municipal de saúde segue os mesmos parâmetros para a coleta de amostras a serem enviadas para apuração, e ainda não conta com o sistema de testagem rápida, assim como, Rio Grande da Serra e Diadema, que informou realizar 15 coletas semanais. Questionada, a prefeitura Mauá não se posicionou até o fechamento desta matéria.
Particulares
Também com a prática de racionalização, a rede particular segue o mesmo critério para a realização dos exames, priorizando pacientes em estado grave. O Grupo NotreDame Intermédica informou que, desde o início da pandemia, segue as orientações do Ministério da Saúde e da Agência Nacional de Saúde (ANS), as quais indicam antepor pacientes que apresentem quadro clínico grave ou que necessitem de internação hospitalar, para realizar a testagem.
Já a Rede D’Or esclareceu que utiliza grandes laboratórios brasileiros para realização de exames e que o tempo médio de espera pelos resultados depende dos sistemas e demandas dos mesmos. A rede reiterou que, assim como hospitais públicos, os pacientes que apresentam dificuldade respiratória são priorizados, conforme orientação estabelecida pelo Ministério da Saúde.
Questionados sobre a demanda e os valores dos testes, o Grupo Notre Dame e a Rede D’Or não responderam.