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A Polícia Civil, por meio do setor de homicídios e da Deic (Delegacia Especializada de Investigações Criminais), apura se houve a participação de Ana Flávia Gonçalves e de sua companheira Carina Ramos na morte de três integrantes da mesma família, que foram carbonizados dentro de um veículo, em São Bernardo, na madrugada da última terça-feira (28). Contradições nos depoimentos causaram a prisão temporária do casal.
Os investigadores confrontaram os depoimentos colhidos poucas horas após o crime com as informações de uma testemunha que falou sobre atitudes suspeitas entre a noite da última segunda (27) e a terça-feira e imagens de câmeras de segurança que mostram toda a movimentação do Fiat Palio, que pertence ao casal, e o Jeep/Compass, de posse dos pais de Ana Flávia, Romuyuki Gonçalves e Flaviana Guimarães, que morreram ao lado do filho Juan Victor Gonçalves.
O Palio entrou e saiu do condomínio localizado na divisa entre Santo André e São Bernardo algumas vezes entre 18h e 20h. Outra câmera flagra Carina entrando no conjunto residencial a pé, vestida com uma blusa e usando um capuz, fato que chamou a atenção das forças policias, pois no dia fazia um forte calor.
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Por volta das 22h36, o Jeep/Compass dirigido por Flaviana entra no condomínio. Segundo a testemunha do caso, por volta da 1h, o carro foi colocado de ré, o porta-malas foi aberto e o veículo foi carregado com algo pesado – a suspeita é de que sejam os corpos de Romuyuki e Juan, que não saíram de casa no dia. Um homem de 1,90m foi visto carregando carro. Segundo um dos porteiros, Flaviana dirigia o Compass quando deixou o local às 1h14, seguindo o Palio, que saiu segundos antes.
Às 2h54 foi feito o relato para a Polícia Militar de que um carro foi incendiado e que gerava um barulho parecido com tiros, algo que não aconteceu. Após o controle do fogo foram vistos os corpos carbonizados. Mas segundo o laudo feito pela perícia, o que causou as mortes de Flaviana, Romuyuki e Juan não foi o incêndio, mas sim pancadas no lado direito da cabeça dos três, que sofreram traumatismo cranioencefálico.
Depoimentos e perícia
Nos depoimentos feitos na terça-feira, Ana Flávia e Carina sustentaram que o crime teria origem em uma dívida com um agiota “violento”, porém os investigadores desconfiam de que a história não procede pelo fato de Juan ter saído com os pais. “Qual é o motivo de levar um filho adolescente para realizar um pagamento para um agiota violento?”, questionou o delegado Paul Henry Bozon Verduraz, da Deic.
A Polícia Civil também aguarda o resultado da perícia sobre o sangue encontrado na calça de Ana Flávia e no apartamento, além das impressões digitais. Também é procurado o suspeito de ter participado da ação. Os investigadores acreditam que mais pessoas estejam envolvidas no caso.
No apartamento foram retirados R$ 8 mil e mais uma quantidade não revelada de dólares, mesmo assim os investigadores não trabalham com o crime de latrocínio, apenas o de triplo homicídio.
Segundo informações colhidas com familiares, havia um problema na família, Romuyuki seria contrário ao envolvimento homoafetivo de Ana Flávia com Carina, mas outra testemunha afirma que o patriarca conversou com a nora na tarde de segunda. A Polícia aguarda novas informações sobre o assunto.
Enterro
Romuyuki Gonçalves, Flaviana Guimarães e Juan Victor foram enterrados na tarde desta quinta-feira (30), no cemitério Carminha, no bairro dos Casa, em São Bernardo. A comoção tomou conta dos familiares e amigos que lamentavam o acontecido.
Flávio Menezes, irmão de Flaviana, se colocou como o porta-voz da família e evitou falar diretamente sobre as suspeitas em torno da sobrinha Ana Flávia. “É complicado, eu não parei para pensar em relação a quem fez e do porquê fez. Eu pensei em liberar os corpos dos meus familiares queridos, apagar um pouco da angustia que um dos corpos não estava identificado”, explicou.
Menezes negou que houvesse problemas graves de relacionamento entre seus parentes.
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