O exame de confrontação de DNA feito pela Polícia Científica confirmou, nesta quinta-feira (28/11), que o corpo do sexo masculino encontrado no Parque do Pedroso, no dia 15 de novembro, é de Lucas Eduardo Martins dos Santos, de 14 anos, desaparecido desde três dias antes no Jardim Teles de Menezes, em Santo André. Dois policiais militares foram afastados de suas funções após testemunhas os reconhecerem como os que foram até a residência do jovem na noite do desaparecimento.
O comandante da Polícia Militar no ABC, coronel Renato Nery Machado, confirmou que os dois policiais continuam fora das ruas, realizando tarefas administrativas. Dois inquéritos policiais seguem na tentativa de apurar o crime, o da Polícia Civil que apurava inicialmente o desaparecimento, e o IPM (Inquérito Policial Militar) que apura a participação ou não dos policiais nesta ação.
A delegada que preside o inquérito não concedeu entrevistas. Em nota a Secretaria de Segurança Pública se limitou a confirmar a identificação do corpo. “A autoridade policial que preside o referido inquérito pelo Setor de Homicídios e Proteção à Pessoa (SHPP) de Santo André confirmou que o corpo encontrado no último dia 15, em Santo André, é do adolescente de 14 anos que estava desaparecido. O exame de DNA elaborado pela Polícia Científica foi concluído nesta quinta-feira e encaminhado às autoridades. Todas as circunstâncias relativas aos fatos seguem em apuração pela Polícia Civil, assim como o IPM instaurado pela Polícia Militar”, diz a nota.
“Eu quero justiça, o que fizeram com o meu irmão foi uma covardia, eu quero justiça”, disse Igor Alves Teixeira, irmão da vítima. O advogado Ariel de Castro Alves, membro do Condepe (Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana), disse que conversou com a família após a confirmação da identificação do corpo e diz que a investigação segue para apurar, agora, o homicídio. “Agora as investigações precisam esclarecer quem são os responsáveis pelo desaparecimento e assassinato do jovem. É necessário que a polícia dê continuidade às investigações, assim como a própria Corregedoria da Polícia Militar”, disse o advogado.
Segundo o membro do Condepe, após a identificação, os inquéritos devem apurar também qual foi a causa da morte. “O corpo ser identificado é o primeiro passo. Agora é necessário que a Polícia Civil e a corregedoria da PM agilizem as investigações e descubram quem desapareceu com o Lucas e depois o matou; precisa ainda ser esclarecida a própria causa da morte, se teve violência, disparos, tortura ou afogamento”, concluiu.
Caso
Familiares do jovem desaparecido relataram que os policiais foram até a casa do jovem, que morava com a mãe e esta permitiu a entrada na residência, mas os Pms não encontraram ninguém e foram embora, na saída os familiares ouviram alguém falar com os policiais dizendo: “eu moro ali”. A voz, segundo os familiares, era parecida com a do jovem.
Roupas de Lucas foram encontradas com um morador de rua que apontou onde as tinha localizado, atrás de uma escola, onde também foi achado um boné que seria do rapaz. Três dias depois um corpo do sexo masculino foi localizado na represa do Parque do Pedroso, também em Santo André. A família teve dúvidas no reconhecimento que foi feito através de DNA e concluído somente nesta quinta-feira (28/11).
No último dia 19, ao prestar depoimento na delegacia de homicídios a mãe do jovem, Maria Marques Martins dos Santos, de 38 anos, foi presa. Ela estaria foragida após condenação por tráfico de drogas, conforme explicou a Polícia Militar. Desde o dia do desaparecimento ela se apresentava como madrasta de nome Teresa, mas não apresentava documentos. Ao ser pressionada acabou confessando.