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Fardas desbotadas e até rasgadas, botas furadas, falta de papel higiênico, sabonete e até água fazem parte da rotina dos guardas civis municipais de Santo André que, muitas vezes, fazem “vaquinha” para comprar material básico para as bases. A denúncia foi feita pelo Sindserv (Sindicato dos Servidores Municipais) ao acrescentar que os GCMs correm riscos com armamento antigo. A Prefeitura diz que as denúncias têm cunho político.
A GCM de Santo André tem 34 anos de atuação e conta com 582 integrantes. Segundo o guarda e diretor do sindicato, Odilon Eduardo de Oliveira, há pelo menos quatro anos não há compra de fardas. “A última compra foi feita no governo Grana (Carlos Grana – PT) e foram duas peças de cada, mas de baixa qualidade. Tem guarda que compra a própria farda, porque a roupa que a Prefeitura deu não tem mais como usar, é uma deficiência gigantesca”, relata.
A guarda Junia Cristina de Oliveira, que também integra a direção do sindicato dos servidores, conta que as bases da GCM estão em situação precária. “Falta sabonete e papel higiênico. Tudo que é lixo dos outros departamentos, como ventiladores velhos, mesas e cadeiras quebradas mandam para a guarda e a gente tem que se virar com o que tem. Os guardas se cotizam para comprar essas coisas para terem um mínimo de condições de trabalho”, relata.
Os sindicalistas disseram que a situação mais grave é a dos guardas que ficam de plantão no Parque Guaraciaba. Por exigência de um TAC (Termo de Ajustamento e Conduta) com o Ministério Público, a Prefeitura tem de manter vigilância constante no local, já que dezenas de pessoas já morreram afogadas no reservatório, conhecido como Tancão da Morte, que fica dentro do parque. “No local tem uma casa velha, onde não há sequer água no banheiro. Lá se revezam 12 guardas, 24 horas por dia. A situação é dramática, do jeito que está era para os guardas cruzarem os braços, mas não fazem isso porque amam o que fazem”, conta Junia.
Prefeitura nega precariedade
Em nota, a Prefeitura diz que vai comprar fardas e equipamentos. “Uma verba da ordem de R$ 1,4 milhão foi liberada pelo prefeito Paulo Serra para a aquisição de novos uniformes e equipamentos para toda a corporação. A Guarda Civil Municipal (GCM) de Santo André conta com 640 coletes balísticos, além de equipamentos de proteção individual (EPIs) para cada um dos agentes de segurança. Nenhum dos equipamentos em operação está vencido”, informa a nota, que diz ainda que as armas não letais, do tipo Spark, estão com a validade vigente, informação contestada pelo sindicato. “A maioria delas não funciona, alguma manutenção que era feita os próprios guardas fizeram, mas a maioria não está operante”, afirma Odilon Oliveira.
Em resposta à informação do sindicado sobre rádios amarrados com fita isolante, a Prefeitura diz que a “sede da corporação tem rádios digitais e analógicos operando normalmente”. Informa, ainda, que há licitação em andamento para aquisição de munições. Em relação à frota, a GCM conta com 64 carros, 40 motos, nove bases móveis e dois ônibus. Entre os anos de 2017 e 2018 foram entregues (incluídas no montante informado) 14 novos veículos (oito viaturas modelo Duster e seis motos) e está também com um processo licitatório vigente para a aquisição de outras 16 viaturas.
“Destacamos ainda que os questionamentos feitos pelo sindicato têm viés político e não procedem, pois já há procedimento licitatório em andamento para compra de novos coletes e uniformes, que serão entregues no final deste certame. A base do Guaraciaba é atendida apenas com rondas de viaturas, portanto não há permanência de guardas neste espaço que está desativado há anos. Com a criação de um parque no local, o Parque Guaraciaba, os GCMs terão à disposição uma nova base. Sobre os apontamentos de lâmpadas e demais insumos, basta que os agentes de segurança informem seus superiores para realizar os procedimentos de solicitação junto aos departamentos competentes”, responde a Prefeitura.