Uma pesquisa realizada pela Fipe – Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas -, com dados de viagens intermediadas pelo aplicativo da Uber, identificou redução de 6% do trânsito no ABC entre 2016 e 2018. O trabalho examina a evolução dos congestionamentos em toda a região metropolitana de São Paulo nos últimos três anos, além de levar em conta acontecimentos extraordinários – como acidentes, fenômenos naturais e bloqueios – que alteram o andamento do trânsito. Ao considerar toda a Grande São Paulo, o índice passou de 39,6% para 31,4% no mesmo período.
Em 2018, os dados apontam que após o viaduto na marginal Pinheiros ceder, em novembro de 2018, o índice de congestionamento em toda a capital subiu em 5,1 pontos. Nos percursos entre Santo André e Lapa o impacto também foi sentido e o caminho ficou 33% mais demorado no pico da tarde, nos dias úteis, considerando a média do mês seguinte (dezembro) em relação ao mês anterior (outubro) à interdição da marginal.
A Fipe também identificou que durante a greve dos caminhoneiros, em maio de 2018, que provocou falta de combustível nos postos, o índice de congestionamento caiu 9,4 pontos. Os dados mostram que, na primeira sexta-feira da greve, as viagens de São Bernardo até o aeroporto de Guarulhos ficaram em média 26% mais rápidas em relação à semana anterior.
Já no dia 23 de novembro, em que um forte temporal assolou a região e provocou diversos alagamentos, as viagens de São Caetano para Mauá, no pico da tarde, demoraram 305% a mais em comparação ao mesmo dia da semana anterior.
O indicador, que representa o tempo extra dos deslocamentos em relação ao que seria possível se houvesse tráfego livre, foi construído a partir da plataforma Uber Movement. São Paulo é a primeira metrópole do país a entrar na plataforma, que consiste em um site público e gratuito que disponibiliza o tempo médio dos percursos entre centenas de áreas da Grande São Paulo, calculado a partir dos dados agregados de viagens pelo aplicativo. No site, qualquer pessoa pode realizar consultas e visualizar os dados, com filtros que permitem comparar períodos do dia, dia da semana ou datas específicas. São mais de 267 mil combinações possíveis de viagens entre 517 áreas nos 39 municípios da região metropolitana.
O estudo da Fipe foi coordenado por Eduardo Haddad, professor titular do Departamento de Economia da FEA/USP. Para criar o índice, os pesquisadores verificaram o tempo de viagem de área para área, em cada hora do dia, para chegar aos menores e maiores valores em cada dia, nos três anos. 26,3 mil horas de trânsito foram analisadas. Esses dados, estruturados e convertidos em índice percentual, mostram a variação do tempo gasto no mesmo deslocamento em dias ou horários diferentes.”O resultado é uma medida simples e intuitiva que pode ser utilizada para a análise e o entendimento de diversas questões relacionadas aos congestionamentos urbanos”, explica Haddad.
As informações apresentadas no site são calculadas a partir dos dados anonimizados e agregados dos bilhões de viagens intermediadas pela Uber, seguindo metodologia criada para garantir que nenhuma informação permita identificar o comportamento ou a identidade de usuários ou motoristas parceiros específicos.
Para ponderar o índice, seguindo metodologia estatística, foram incluídos no cálculo dados da Pesquisa Origem e Destino realizada pelo Metrô. A divisão de áreas também é a mesma da pesquisa, o que facilita à comunidade acadêmica cruzar os bancos de dados em outras pesquisas.
O site será atualizado com novos dados periodicamente para continuar monitorando a evolução do trânsito. É necessário um tempo de processamento até que os dados de 2019 sejam adicionados. Nos próximos meses, o site vai exibir a velocidade média, em km/h, em segmentos de ruas e avenidas, o que permite análises ainda mais detalhadas.