ABC - sábado , 3 de maio de 2025

Programa prepara professor para inclusão do aluno com deficiência

Maria do Socorro garante que formação inovou aprendizagem (Foto: Pedro Diogo)

A organização não governamental Instituto Rodrigo Mendes contemplou São Caetano como um dos três municípios paulistas a participar gratuitamente do projeto de formação de educadores para a educação inclusiva 2019. Com a ação, 70 profissionais, de 14 escolas (sete de educação infantil e sete do ensino fundamental) receberão formação com implementação de estratégias pedagógicas e de gestão voltadas ao atendimento de pessoas com deficiênciapelo programa Diversa Presencial Monitoramento.

A formação, que iniciou em 2018, prepara os profissionais a lidar com desafios individualizados por meio de ações dialógicas. Na visão da gerente de programas do instituto, Liliane Garcez, o diálogo entre educadores participantes alia a teoria e a prática em sala de aula e, assim, resultam em novas formas de acolher e lidar com alunos. “Cada caso apresenta uma barreira. Nossa meta é entender e lidar com essas barreiras”, afirma.

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Na educação, o desafio da inclusão vai além do diagnóstico da deficiência. Envolve adaptação da criança e/ou adolescente e ações eficazes para aprendizado. Por este motivo, a professora da rede municipal e supervisora de inclusão em São Caetano, Carla Maria Luciano, acredita que o projeto inova e foge das formações tradicionais na cidade. “A formação é totalmente voltada à troca de saberes individualizada, não em grupo, como tradicionalmente acontecia. Agora, casos reais serão discutidos, analisados até que os educadores encontrem soluções eficazes para o aprendizado de cada aluno”, explica.

A princípio, o programa contemplará dois alunos (casos desafiadores) de cada escola, que recebem monitoramento presencial. Uma equipe pedagógica fará encontros quinzenais para avaliar e discutir se o plano pedagógico vai de acordo com as necessidades do aluno monitorado. Filmagens e tarefas produzidas em sala de aula serão itens analisados nos debates para articulação de referências teóricas e realidade das escolas.

Apesar dos 38 anos de profissão e de já estar acostumada a lidar com alunos com deficiência, a professora de educação infantil, Maria do Socorro de Lima Melatti, conta que a ação foi transformadora e essencial para a construção de um novo olhar sobre os alunos e a postura em sala de aula. “Mergulhamos de fato em novas vivências e experiências e como cada criança enfrenta suas dificuldades. Há sempre mais possibilidades para o aprendizado e, devemos deixar o aluno tentar, até conseguir”, conta.

Por meio de reuniões, os educadores envolvidos no processo de escolarização dos estudantes da educação especial (pessoas com deficiência, transtornos do desenvolvimento e altas habilidades/superdotação), podem analisar suas próprias dificuldades, além das dos alunos e discutir técnicas que ajudem no desenvolvimento em sala de aula.

Geografia
Experiência vivida por Maria Luiza Conti Gerizani, também professora e participante do projeto, que aprendeu a ensinar geografia além da lousa e dos livros. O questionamento sobre como ensinar a disciplina para alunos do ensino médio com deficiência fazia parte do cotidiano. “Tinha essa dificuldade, nunca pensava em algo diferente. A experiência foi transformadora”, diz ao acrescentar que a busca de novas formas de ensinar descobriu que os demais alunos se beneficiaram da prática e também passaram a aprender mais. “Em 36 anos de sala de aula, nunca tinha visto isso. Os alunos se interessaram muito mais e só pude perceber isso quando mudei”, conta.

Inédito na cidade, o programa vai de acordo com o PEI (Plano Educacional Individualizado), de conhecimento, metas, cronograma e avaliação dos estudantes. O nível de desempenho dos estudantes será monitorado pelo programa de formação até o fim de setembro, quando são feitos os últimos encontros.

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