ABC - sexta-feira , 17 de maio de 2024

Pagode, MPB, valsa, sertanejo: Anhembi tem todos os ritmos

Quem for assistir aos desfiles no sambódromo paulistano, no Anhembi, vai presenciar uma celebração não só do samba, mas da música em geral. Dos 14 sambas-enredo, quatro são homenagens a músicos: Gilberto Gil, Alcione, Martinho da Vila e o grupo Fundo de Quintal.

“A carnavalesca Maria Augusta (referência no carnaval carioca) diz que existe um inconsciente coletivo das escolas. Às vezes acontecem essas coincidências sem explicação”, afirma o carnavalesco Mario Quintaes, da Unidos do Peruche.

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A escola, segundo a desfilar, tem como tema a história de Martinho da Vila. A Peruche deve surgir logo depois da Independente, prevista para abrir o espetáculo às 23h15. A agremiação fará uma viagem pelo cinema de terror. As atenções também devem voltar-se para a madrinha de bateria, Sheila Mello.

No quesito homenagem ao samba, a grande expectativa de ficar para o sábado, 10, quando a Vai-Vai falará da trajetória de vida de Gilberto Gil, com destaque para um carro sobre o período da ditadura. “Será uma remontagem dos porões do Dops puxada por um tanque do exército”, diz o vice-presidente, Thobias da Vai-Vai. No sambódromo, haverá expectativa pela presença de Caetano Veloso, da mulher e dos filhos de Gil – que estará no último carro.

Outra escola sempre favorita que abrirá alas do sábado para o mesmo tema será a Mocidade Alegre. Os 70 anos de idade e os 45 de carreira de Alcione serão contados em uma narrativa não linear. Segundo a carnavalesca Neide Lopes, o desfile trará aspectos políticos. “O carnaval vem sendo muito atacado. Querem privatizar os sambódromos, cortar verbas. Ninguém melhor que a Alcione para representar a resistência do samba.”

Primeira noite

Na madrugada do sábado, porém, o samba terá outro ritmo no Anhembi. Após a passagem da Acadêmicos do Tucuruvi – que teve 70% das fantasias destruídas por um incêndio e deve ganhar o apoio do público para contar Uma Noite no Museu -, a Mancha Verde vai relembrar o boom do pagode nos anos 1980 com o desfile que tem como tema o Fundo de Quintal. O conjunto vai estar reunido no último carro. “O Fundo (de Quintal) participou de todo processo do desfile. Desde a construção do samba-enredo até as alegorias”, diz o carnavalesco Magoo.

Na sequência, a atual campeã, a Acadêmicos do Tatuapé, tenta o bicampeonato com um enredo sobre o Maranhão. “Nosso segundo carro representa o navio negreiro que trouxe os primeiros escravos ao Maranhão e tem 35 metros”, conta o carnavalesco Wagner Santos.

Para terminar a noite, mais música. Primeiro: a homenagem aos caminhoneiros da Rosas, puxada no começo pela dupla sertaneja Maiara e Maraísa. Por fim, um baile imperial da Tom Maior. O abre-alas vem com 60 casais dançando a valsa vienense em homenagem à Imperatriz Leopoldina.

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