Empresário no ramo de ônibus e proprietário do jornal Diário do Grande ABC, Ronan Maria Pinto recebeu voz de prisão pela Polícia Civil, na tarde desta sexta-feira (17), por envolvimento no esquema de corrupção no setor de transporte público em Santo André, durante o governo do ex-prefeito Celso Daniel (PT), morto a tiros em 2002. Também foram condenados o ex-vereador Klinger Oliveira Sousa e mais dois réus.
Ronan foi condenado em segunda instância a 14 anos de prisão pelos desembargadores da Terceira Câmara de Direito Criminal do TJ-SP (Tribunal de Justiça de São Paulo). Por sua vez, Klinger recebeu pena de 17 anos de detenção, mas ainda não foi localizado pela Polícia Civil.
Além de Ronan e Klinger, o TJ-SP condenou no mesmo processo o empresário Humberto Tarcísio de Castro, a cinco anos de prisão, e do funcionário da associação de empresas de transporte de Santo André, Luis Marcondes de Freitas Júnior, a oito anos. Ambos também não localizados pelos agentes policiais até o momento. Todos os envolvidos foram condenados anteriormente em primeira instância.
Segundo o blog do Fausto Macedo, do jornal O Estado de São Paulo, Ronan está neste momento em procedimento médico no Hospital Israelita Albert Einstein, no Morumbi, zona oeste da Capital. Ainda na publicação, o advogado do empresário assegurou que recorrerá da decisão do TJ-SP.
Segundo representação do MP-SP (Ministério Público de São Paulo), Celso Daniel foi executado em uma estrada de terra em Juquitiba, a mando de integrantes do esquema de corrupção, no qual tinha o envolvimento do próprio PT – a cúpula do partido nega a acusação. O TJ-SP reconheceu dois crimes de concussão.
O promotor de Justiça Roberto Wider, que integrou o MP-SP durante a investigação contra o esquema de cobrança de propinas em Santo André, salientou que a decisão do TJ-SP atende às denúncias embasadas pela Promotoria. “Embora tardia, depois de 15 anos após a primeira denúncia, a Justiça não falhou”, salientou.
Segundo Wider, as defesas dos quatro réus ainda podem recorrer a instâncias superiores, como o STF (Supremo Tribunal Federal) ou o STJ (Supremo Tribunal de Justiça) com pedido de habeas corpus, para que respondam o processo em liberdade.
O promotor ainda lamenta o veto à investigação ao ex-ministro José Dirceu (PT), apontado na época pelo MP-SP como um dos envolvidos na operação de corrupção em Santo André. Na ocasião, o pedido foi negado pelo então ministro do STF, Nélson Jobim. “O que ocorreu em Santo André foi um vestibular que se alastrou no País inteiro, para o financiamento partidário, que resultou no Mensalão e no Petrolão”, pontuou.
Ronan também foi condenado e preso em abril de 2016 pelo juiz federal Sérgio Moro na Operação Lava Jato, por ser destinatário de um empréstimo de R$ 6 milhões por meio de um esquema de fraude de R$ 12 milhões do Banco Schahin para o pecuarista José Carlos Bumlai. O empresário pagou fiança de R$ 1 milhão e solto, mas com uma tornozeleira.