A Câmara de Mauá foi novamente cenário de mais um capítulo sobre a falta de pagamento dos direitos trabalhistas a ex-funcionários da Fundação do ABC (FUABC) no município. Durante a sessão desta terça-feira (7), um grupo de 20 pessoas esteve presente no Legislativo, para reclamar sobre as novas demissões realizadas no início do mês. Por sua vez, a entidade alegou que exonerações ocorreram sem o seu conhecimento.
Com cartazes que continham acusações de falta de posicionamento por parte dos vereadores, os manifestantes ocuparam parte das galerias do Legislativo e pediam explicações sobre as novas demissões realizadas no dia 1º de novembro e também sobre a falta de pagamento dos direitos trabalhistas daqueles que foram desligados anteriormente.
Segundo os manifestantes, o número de funcionários demitidos chegou a 500. “Eles mandam embora sem justificativas. O diretor do (Hospital) Nardini, o Vanderley (da Silva Paula) não assinou nenhuma demissão e não sabe os motivos dessas demissões. E até o momento não tivemos nenhuma resposta sobre os nossos direitos trabalhistas. Ninguém vai às audiências de conciliação”, explicou a assistente social Lucimaria de Queiroz.
Os ex-funcionários também acusaram o Executivo de não realizar os repasses referentes às indenizações pelas rescisões de contrato. O RD entrou em contato com a Prefeitura sobre o assunto, porém não houve retorno dos questionamentos. Segundo o secretário de Governo, João Gaspar (PCdoB), as sucessivas mudanças na presidência da Fundação do ABC atrapalharam a avaliação sobre o tamanho da dívida e os demais problemas.
“Montamos uma comissão em fevereiro para ver tudo isso, porém, aconteceram três mudanças na presidência da Fundação desde o início dessa gestão, fato que atrapalhou toda essa conversa. Mas considero que não existem problemas com atendimento, pois o Carlos Maciel (atual presidente da FUABC) é um homem de gestão e vai cuidar bem da entidade”, disse Gaspar.
O líder de governo, Roberto Rivellino Ferraz, o Professor Betinho (PSDC), informou que deu a ideia de realizar um encontro com a direção da Fundação do ABC para obter mais detalhes sobre o problema e chegou a levantar a possibilidade de uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) sobre o assunto. “Dependendo do que encontrarmos lá temos que fazer uma CPI mesmo para investigar o que acontece, pois as reclamações sobre as demissões só aumentam”, considerou.
Sem conhecimento
Também procurada pelo RD, a Fundação do ABC, por meio de sua assessoria de comunicação, afirmou que atualmente o Complexo de Saúde de Mauá (COSAM) tem 2.092 funcionários ativos. Que de janeiro até outubro foram promovidas 366 demissões e 270 admissões “sem o conhecimento da Fundação do ABC”.
Sobre as exonerações de novembro, a entidade justificou que extraoficialmente tomou ciência de mais 150 demissões, assim chegando a 516 funcionários que perderam o emprego. “Entretanto, a FUABC não foi informada até o momento sobre os motivos das demissões, de quem partiu essa ordem e nem sequer os nomes dos demitidos, que ainda não constam no sistema geral de Recursos Humanos”.
Sobre as verbas rescisórias, a FUABC alegou que espera o repasse da Secretaria de Saúde. Segundo a entidade, a dívida do município chega a R$ 120 milhões. O valor é negado pelos membros da gestão Atila Jacomussi (PSB), que alegam que o dividendo não chega a metade do alegado pela Fundação.