
Andrey Rossi e Giovani Caramello, artistas da OMA Galeria, em São Bernardo, foram os únicos brasileiros selecionados para participar da 14ª Internationale Werkstattwoche – uma residência artística na Alemanha que reúne escultores, pintores e fotógrafos de 12 países diferentes.
Durante a estadia, a dupla também conferiu a Documenta 14, em Kassel, evento tido como um dos mais importantes do circuito mundial de artes, para conhecer o ateliê e o próprio Alex Flemming, em Berlim, e visitar alguns museus alemães em Praga, na República Tcheca. “Foram dias intensos e tenho a impressão de que foram poucos para o tanto de arte que estava disponível para conhecermos e absorvermos”, resume Andrey Rossi.
Um dos mais importantes do mundo
Conhecer novos ares e sentir mais inspirações estavam na agenda de Rossi e Caramello antes do embarque. Logo estar na Alemanha durante a Documenta 14, também conhecida como Documenta de Kassel, tornou a passagem pelo evento inevitável.
Criada em 1955 com a proposta de contribuir na reconstrução do país após o período nazista, com o tempo consolidou-se como um dos mais importantes do circuito de artes mundial. Isso sem perder características de suas origens, como conta Andrey Rossi. “Ela é forte e os artistas foram violentos nessa edição. As obras tratavam muito a questão dos imigrantes e a crise política na Europa, veio bem a calhar com a ideia da Documenta”, comenta. Giovani Caramello também observou o caráter político e notou ainda o alto nível de investimento que de fato refletia a grandeza do evento.
Os dois artistas também tiveram contato próximo com outras figuras influentes do circuito de arte, principalmente por conta da residência artística, que comentaram que a Documenta também vive o dilema de outras grandes mostras. “São muitos trabalhos, muitos artistas. Algumas obras eram muito próximas umas das outras, causando uma interferência muito grande. Escutamos muitas críticas de artistas e curadores dirigidas à curadoria e a organização espacial da Documenta”, revela Caramello.
Únicos representantes do Brasil
Mas como a proposta da viagem não era só passeio, Andrey Rossi e Giovani Caramello também colocaram seus lados criativos à prova, assim como os também representado pela OMA Galeria, Thiago Toes e RIEN, tiveram de fazer na edição anterior da mesma residência artística – a Internationale Werkstattwoche.
Nesta edição, Andrey Rossi e Giovani Caramello dividiram a experiência da residência com mais 24 artistas de 12 países, que além da oportunidade de conhecer novos processos de criação e vivências em arte 24h por dia, a experiência proporcionou memórias únicas ao tomar conta da pequena cidade ao norte de Kassel- onde os artistas se instalam nos ateliês, nas ruas e antigos armazéns de batata, transformando-os em locais de inspiração e produção. “A arte cria uma conexão entre as pessoas. Foi interessante ver cada um produzindo coletivamente, mesmo que tendo suas individualidades, a união foi muito boa”, relembra Caramello.
Eles revelam que um tema comum é discutido e definido entre os artistas – sendo o desta edição “redução”- e a partir deste são iniciados os processos de criação de cada um.
A rotina dos artistas envolvia a troca de experiências e vivências culturais com os outros integrantes, que comentaram sobre as situações políticas e sociais de seus respectivos países. Ao fim do período de 10 dias, as obras produzidas fizeram parte de uma exposição que aconteceu na cidade e vai percorrer a Alemanha e a Polônia durante um ano.
Andrey Rossi conta que um dos melhores momentos em Lüben foi o “Dia do Pupilo”, em que algumas crianças das escolas do entorno acompanham por um dia o processo criativo dos artistas residentes e também produzem junto com eles. “Quem escolhe os artistas são as crianças, eles já conheciam nosso trabalho e algumas de nossas obras, tinham estudado isso anteriormente na escola, fiquei impressionado com o preparo deles para esta ação.” comenta.
Novidades
A primeira residência artística internacional de ambos poderá ser notada em futuras obras. “A viagem como um todo agregou muito e voltei muito mais inspirado para produzir e abriu minha mente para alguns outros assuntos. Uma coisa que me fez mudar o pensamento e a produção durante a residência foi perceber que todos ali produziam muito rápido, e bons trabalhos. Eu não fazia ideia de que em um dia dava pra produzir algo legal porque meu trabalho leva muitos dias para ser finalizado. Então durante a viagem e agora na volta estou pensando em maneiras de produzir em mais rapidamente, já até fiz alguns testes por aqui”, finaliza Caramello.