
Faltam poucos dias para o inverno – começa em 21 de junho – e a previsão do Climatempo é que durante a estação os termômetros atinjam 8ºC. Com isso, a temperatura volta a castigar, principalmente, os moradores em situação de rua, que recorrem a marquises, praças, pontes e viadutos como abrigo. Nesta semana o RD saiu às ruas e já encontrou diversas pessoas expostas ao frio.
Sérgio Albuquerque da Silva vive há cinco anos como andarilho em Santo André. O maranhense de 37 anos veio para São Paulo para tentar a vida como baterista de forró, mas se envolveu com drogas e foi parar nas ruas. Apesar de não tirar o sorriso do rosto, Sérgio já teme o frio que vai enfrentar com uma camiseta azul, uma calça e uma jaqueta.
Edson Magalhães tem 34 anos e mora embaixo de um viaduto próximo ao Terminal Metropolitano de Santo André. O ex-caseiro não sabe há quanto tempo está nas ruas, mas conta que perdeu o contato com o pai Jorge Magalhães e nunca mais encontrou a família. Nos dias frios, se vira com cobertores e blusas que ganha de doações de igrejas.
A história se repete um pouco à frente, onde João Batista mora há seis meses em uma calçada com seis amigos. Com o que recolhem da rua, montam camas e travesseiros e se aquecem com edredons doados. João lamenta toda vez que o Semasa (Serviço Municipal de Saneamento Ambiental de Santo André) chega e recolhe seus pertences. O ex-auxiliar administrativo, graduado em Contabilidade, diz que não gosta do atendimento na Casa Amarela (nome popular do Centro POP – Centro de Referência Especializado para População em Situação de Rua). “É ruim e os funcionários tratam a gente com descaso”, afirma.
Um dos amigos de João é Norivaldo da Conceição, de 45 anos. O ex-pintor conta que zela pela higiene e vai todos os dias à Casa Amarela para tomar banho, mas não gosta de ficar. “Não sou bem recebido”, diz o munícipe, que sonha em arrumar um emprego e se casar com Raquel, com quem namora há seis meses.
Prefeituras
Ribeirão Pires repassa, por ano, R$ 384 mil para a Associação Acolhida com Esperança da Grande São Paulo. Neste inverno, a casa vai abrir quatro vagas para homens e inaugurar a casa feminina, com capacidade para 12 pessoas. Hoje, 40 moradores em situação de rua são atendidos pela associação, que oferece abrigo, assistência médica e outros serviços.
Em Santo André, além da campanha do agasalho, que vai até 30 de junho, o atendimento na operação inverno terá ampliação de vagas emergenciais no Centro POP (Centro de Referência Especializado para Pessoas em Situação de Rua) e abordagem noturna. O município possui 347 pessoas em situação de rua, mas somente 120 homens e oito mulheres, na faixa etária de 18 a 60 anos, acessam o serviço.
Em Diadema, as ações para este público ainda serão estudadas pela Prefeitura. Atualmente, 62 atendimentos são feitos por dia pelo Centro POP da cidade, que reservou R$ 477 mil para as instituições de acolhimento noturno.
São Caetano, que não tem registro de moradores em situação de rua, lança segunda-feira (29) a Campanha do Agasalho, com uma lojinha com exposição de peças para o público. As demais prefeituras não se manifestaram.
(Colaborou Raíssa Ribeiro)