Repetindo o observado no terceiro trimestre de 2016, o Grande ABC apresenta neste início de 2017 Índice de Confiança do Empresário Industrial (ICEI) maior que o estadual e nacional: 61,8 na região, 54,5 no Estado de São Paulo e 54 no Brasil, em escala que vai de 0 (pessimista) a 100 (otimista). Os fatores que mais influenciam essa trajetória são as melhorias na avaliação das condições das empresas (56,3 no ABC, 48,3 no Estado e 46,3 no Brasil) e nas expectativas em relação à economia brasileira (61,3 na região, 53 no Estado e 54,6 no Brasil).
Os dados constam de mais uma pesquisa de Sondagem Industrial (SI) e de Índice de Confiança (ICEI) realizada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) e Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP), cujo recorte regional é elaborado pela Universidade Metodista de São Paulo por meio do Observatório Econômico. Segundo a 5ª edição do Boletim IndústriABC, as alterações mais intensas no Grande ABC sugerem melhora no quadro de uma indústria que se deteriora desde 2014, “embora continua-se a observar distanciamento entre expectativas positivas e alteração efetiva das atividades do setor industrial na economia”, analisa professor Sandro Maskio, do curso de Ciências Econômicas da Metodista e coordenador do Observatório Econômico.
No levantamento anterior de novembro de 2016, o Índice de Confiança da Indústria no ABC havia atingindo, pela primeira vez na análise conjuntural, número maior do que no Brasil: 53,9 contra 51,7, respectivamente. Dentro do ICEI, destacaram-se as expectativas em relação à economia brasileira (59,7 no ABC e 53,1 no Brasil) e as expectativas quanto à empresa do industrial pesquisado (60,5 e 57,2).
Confiança x realidade
Exemplo de que índice de confiança nem sempre se traduz em ações empresariais está no item “intenção de investimentos para os próximos seis meses”. No Brasil essa intenção subiu ligeiramente de 45,3 em dezembro de 2016 para 46,6 em fevereiro deste ano, mas no ABC despencou de 46,1 em dezembro para 40,8 em janeiro e 33,1 em fevereiro último. “Investimento é um dos principais problemas macroeconômicos para o crescimento no Brasil, pois limita a expansão da produção. Em 2016, o volume de investimentos foi equivalente a 16,4% do PIB, ou 10,2% menor do que em 2015”, cita professor Maskio.
Também a redução dos estoques ainda não é sinalizador de aquecimento da economia, mas sim de ajuste da indústria ao momento recessivo que se vive há dois anos, quando o PIB caiu 3,8% em 2015 e outros 3,6% em 2016. Os estoques evoluíram de índice 46,5 em dezembro de 2016 para 49,4 em fevereiro último no Brasil, e de 45,1 para 48,2 no ABC no mesmo período.
De qualquer forma, as perspectivas em torno de mudança na política macroeconômica influenciaram a melhora da confiança industrial nos diferentes níveis. No ABC, a expectativa quanto à evolução da demanda (vendas) subiu de 50,8 em novembro de 2016 para 55,7 em janeiro último, quanto à evolução do emprego foi de 43,3 para 46,6 e quanto ao aumento das compras de matérias-primas subiu de 50,5 para 55, respectivamente.
Menos ociosidade
O uso da capacidade instalada também foi maior. Atualmente, a região trabalha com cerca de 37% de ociosidade. No início do ano passado, esse nível era de 44%. “Os próximos meses deverão trazer informações que nos permitirão avaliar melhor se o setor industrial da região está iniciado um processo de retomada ou não”, pontua professor Sandro Maskio.
2017 começou com alguns indicadores um pouco melhores. No trimestre entre novembro de 2016 e janeiro de 2017, a produção industrial apresentou variação de 0,04% no Brasil, comparado a igual período do ano anterior. Em São Paulo a variação foi de 0,55%. Como reflexo, o setor industrial gerou 21.838 empregos formais no Brasil e 18.340 no Estado de São Paulo em janeiro. “No ABC, em janeiro-fevereiro deste ano a perda de empregos na indústria foi mais amena que em igual período dos últimos anos, com saldo negativo de 435 vagas”, aponta o estudo CNI-Fiesp-Metodista.
Os principais problemas apontados pelas empresas da região que afetaram suas operações no último trimestre de 2016 foram, pela ordem, falta de demanda interna (75% das respostas dos empresários do ABC, 52,12% dos paulistas e 34,5% dos brasileiros), elevada carga tributária (55%, 50% e 45,7%, respectivamente) e falta de capital de giro (40%, 21,19% e 22,7%, respectivamente). “Esses problemas sempre se tornam mais críticos em períodos de elevação dos custos e retração da atividade”, analisa o estudo.