Os piscinões têm causado transtornos aos moradores do ABC. Por conta das fortes chuvas do início de março, o reservatório do Casa Grande, em Diadema, transbordou e a água invadiu as casas situadas em frente ao espaço. Já na Vila Vivaldi, em São Bernardo, o problema está na proliferação de mosquitos por conta da água parada no reservatório. Para tentar contornar o problema alguns usam raquetes que matam mosquitos, inseticidas e fecham as casas mais cedo para evitar que os insetos entrem, mas a população diz que isso não tem resolvido.
A recepcionista Danila Aparecida Machado de Campos afirma que há noites em que não é possível dormir. “Usamos todos os tipos de veneno, mas não adianta. Tanto o barulho quanto as picadas dos mosquitos nos impedem de dormir”, afirma. Danila relata que esta semana matou cerca de 70 mosquitos em apenas um cômodo da casa. “Passei o inseticida e esperei uns 15 minutos e quando voltei o chão estava repleto de insetos. Isso foi apenas em um noite”, afirma.
O aposentado Edgar Demarchi ressalta que desde que instalaram um bueiro em frente sua residência tem invasão de baratas. “Aumentou muito a incidência de insetos. Nunca vi algo parecido no bairro. Acredito que o problema esteja atrelado à falta de limpeza do piscinão e a necessidade de roçarem as margens do córrego do bairro. Há muito esse trabalho não é feito”, diz.
A coordenadora do Centro de Sustentabilidade da Universidade Metodista, Waverli Neuberger, explica que água parada pode ser um foco para proliferação de mosquitos se não receber tratamento adequado. Quanto às baratas, a professora explica que essa praga aproveita entulhos e lixo depositados de forma incorreta. “Infelizmente essa é uma prática comum e facilita a proliferação de ratos, escorpiões, baratas, entre outros” afirma.
Enchentes
Os noivos Patrícia de Araújo Ramalho e Udy Feitosa moravam em uma das casas atingidas pela inundação e afirmam que não há uma limpeza correta no piscinão há anos. “Eles vêm com tratores, formam montanhas de lama e lixo e vão embora. A limpeza do piscinão é feita anualmente, isso quando acontece”, reclama Feitosa ao lembra que foram dois dias de fortes chuvas e que no segundo dia salvou a noiva e a filha Nathaly, 7, presas dentro da casa. “Foi horrível, pois a água subiu depressa e não deu para salvar nada”, recorda.
Mesmo após quatro semanas, a rua em frente ao reservatório continua enlameada, os objetos arrastados pela água permanecem no mesmo lugar e as grades do piscinão continuam com matos e madeiras puxados no dia do desastre.
Até o fechamento desta edição as prefeituras de São Bernardo e Diadema não responderam a reportagem.
Responsável pela limpeza dos piscinões na região, o Departamento de Águas e Energia Elétrica (DAEE), informa que a limpeza e manutenção dos piscinões é um trabalho contínuo, que segue um cronograma de operações. Já a periodicidade dessas ações é estabelecida pelo volume de água das chuvas que cada reservatório recebe. A expectativa é de que todos os reservatórios sejam atendidos até junho deste 2017.