ABC - terça-feira , 7 de maio de 2024

Paciência com novos prefeitos tem prazo de validade, alerta cientista político

Prefeitos que assumiram os mandatos no início do ano têm adotado o discurso-padrão de criticar as gestões anteriores, apontar rombos deixados pelos antecessores e reclamar da situação financeira. Essas justificativas, no entanto, têm prazo de validade curto. A avaliação é do cientista político e diretor do Instituto Opinião Nilton Tristão, que concedeu entrevista à RDTv.

Na avaliação de Tristão, os prefeitos terão que provar em breve que o discurso de eficiência repetido à exaustão durante a campanha eleitoral vai refletir de forma prática no dia a dia dos munícipes.

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“Os prefeitos assumiram com uma carga de expectativa muito alta, pois ganharam em cima do discurso da mudança, de que eles representavam a competência administrativa. Eles têm agora que demonstrar que são tudo isso que disseram que eram”, afirma Tristão.

O cientista político prevê: “A lua de mel deles vai durar menos dos que os prefeitos que foram eleitos em 2012. Acho que o primeiro semestre talvez seja um momento onde ainda há um fôlego. A partir do segundo semestre começarão a ter problemas”, avalia. “Limpar estátua, se vestir de gari, é uma forma de mostrar que você gosta da cidade, mas não resolve o problema. Daqui a pouco a população vai perguntar: e daí”?

Doria

Nilton Tristão, cientista político e diretor do Instituto Opinião (Foto: Raíssa Ribeiro)

Durante a entrevista à RDTv, Nilton Tristão fez uma análise de João Doria (PSDB), prefeito de São Paulo que tem sido protagonista do noticiário com um mês e meio de mandato. Na visão do cientista político, o tucano terá condições de fazer uma boa gestão.

“A base de comparação da gestão dele vai ser o governo Haddad. Acho muito difícil ele não ser melhor que o Haddad. Ele vende Anhembi, Autódromo, Pacaembu e vai ter dinheiro pra fazer muita coisa nesses quatro anos”, avalia o especialista.

Tristão avalia que Doria virou “uma marca, uma franquia”, que tem sido imitada por prefeitos, incluindo gestores do ABC. No entanto, ele alerta: “Não é porque está dando certo com o Doria que vai dar certo com os outros”.

O cientista político acredita que o tucano não deixará o cargo antes do fim do mandato, porque precisa se fortalecer no partido, e vê João Doria com um potencial maior até de quem o “inventou” como político, o governador Geraldo Alckmin (PSDB).

“O Geraldo não tinha contraponto no campo que ele atuava. De repente ele pega um cara com um Doria, que atua no mesmo campo dele e perto do Doria ele fica insosso. O Doria é melhor preparado intelectualmente que ele e tem muito mais desenvoltura do ponto de vista de marketing, assim por diante”, avalia.

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