Na madrugada deste domingo (20), um homem foi preso em flagrante acusado de falsidade ideológica e homicídio doloso ao exercer ilegalmente a medicina. Ele foi preso quando ajudava no transporte de uma paciente de São Bernardo para Santo André.
G.S.P não tem registro no CRM (Conselho Regional de Medicina) e trabalhava na empresa Sérgio Remoções com a remoção e transporte de pacientes. No transporte, a paciente Vanessa Batista Furtado, 29, apresentou hipertensão gestacional dois dias após dar à luz a gêmeos no Hospital Santa Helena, em São Bernardo, e faleceu a caminho da unidade de Santo André em uma ambulância da UTI (Unidade de Terapia Intensiva).
O motivo da transferência para a maternidade Santa Helena de Santo André é pela UTI ser somente neonatal e a paciente necessitar ser transferida a um centro cirúrgico. O hospital chamou a polícia. Na delegacia, ele disse que fez medicina na Bolívia e que estava fazendo provas para tirar o CRM, obrigatório para exercer a profissão no Brasil. Chegou ainda a apresentar aos policiais um cartão com CRM de outra pessoa. De acordo com o delegado assistente do 1°DP (Distrito Policial) de Santo André, Giuliano Travin, o homem se apresentava como Rafael.
Conforme as investigações, o hospital informa que Vanessa apresentou complicações causadas de uma hemorragia e foi submetida a histerectomia, retirada do útero. Após nova avaliação clínica, teve necessidade de ser transferida a Santo André para UTI. A paciente morreu cerca de uma hora após parada cardiorrespiratória. A distância entre os hospitais é de 6km, e a família agora quer saber o motivo do hospital não transferir a paciente antes de operá-la. O Conselho Regional de Medicina irá investigar o caso.
Em depoimento à polícia, o falso médico confessou que recebia até R$ 250 por remoção de pacientes na ambulância que trabalhava. Ele também confessou que usava dois nomes diferentes pesquisados no site do Conselho Regional de Medicina de São Paulo (Cremesp), e mandou fazer carimbos para a falsa identificação.
O caso, que foi apurado pelo 1° e 3° DP de Santo André, terá investigação sobre o exercício ilegal da profissão, falsidade ideológica e causas da morte da paciente. A polícia irá pedir a ficha clínica da paciente e documentação de contrato do falso médico, além de coletar depoimentos. Em nota, o hospital explicou que está dando o suporte necessário aos familiares da paciente e que suspendeu os serviços da empresa Sérgio Remoções até que as investigações sejam concluídas.