Slogan ‘não vai ter golpe’ foi saída do PT para buscar apoio entre aliados

O slogan “não vai ter golpe” entoado pelo grupo contrário ao impeachment da presidente Dilma Rousseff foi criado a partir da conclusão de petistas de que a única forma de conseguir apoio popular era levantar uma bandeira que não fosse vinculada a defesa do governo ou da presidente. Alvos de críticas até mesmo de aliados tradicionais, avaliou-se que as pessoas não iriam se expor para defender a gestão e a gestora. Era preciso algo que comovesse mais. Foi então que o núcleo duro do governo decidiu que levantaria a bandeira em favor da democracia que estaria ameaçada por um golpe.

Num ato denominado “em defesa da democracia” realizado nesse sábado, 17, com a presença do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a ausência de Dilma, líderes de movimentos sociais e dos estudantes fizeram discursos que confirmaram a eficácia da estratégia de comunicação. “Nós precisamos dar um recado. Acreditamos e vamos lutar até o último instante para não passar o golpe. Agora, queremos saber o que é que vai ser do país a partir de segunda-feira porque com esse rumo que esta não dá. Esse governo vai ter que mudar de rumo. Vai ter que ouvir o recado de quem esta aqui”, disse o líder do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), Guilherme Boulos, aclamado pela plateia composta por representantes de dezenas de movimentos sociais.

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Na fala, ele deixa claro que a luta contra o golpe não significa estar a favor do governo e convoca os militantes a permanecer mobilizados mesmo se o impeachment for derrotado na votação da Câmara neste domingo. “Na segunda-feira não queremos ouvir falar de ajuste fiscal, de reforma da Previdência. Esse é o debate da segunda-feira que é importante que a presidenta Dilma compreenda depois de vencido o golpismo. Vamos garantir isso permanecendo mobilizados. Vencer o golpe é uma parte da batalha. Depois é fundamental que continuemos nas ruas.”

A presidente da UNE, Carina Vitral, também fez um discurso crítico ao governo da presidente Dilma. “Eu quero ver na segunda-feira essa pátria educadora que até agora não vi”, disse em referência ao slogan do segundo mandato de Dilma. Ao mesmo tempo em que cantou “tira o pé do chão, não vai ter golpe não.”

O “não vai ter golpe” também ajudou deputados críticos ao governo, mas contra o impeachment a se posicionarem. Os discursos no plenário da Câmara majoritariamente terminam com o lema, mas não necessariamente defendem a petista ou seu governo. “Ficou difícil defender a presidente e o governo. É preciso mudar a política econômica e o jeito dela de governar. Não tínhamos como focar a defesa nela ou na gestão. A saída foi trazer algo que motivasse o discurso e a defesa da democracia era o discurso mais apropriado”, afirmou um petista com influência no partido e no governo.

A deputada Jandira Feghali (PC do B-RJ), uma das principais porta-vozes contra o impeachment, mencionou a palavra “golpe” 12 vezes em discurso no plenário ontem e 3 vezes o nome da presidente Dilma. Sendo que em duas vezes, a deputada relacionou Dilma a democracia e a necessidade de mudanças. “Foi Dilma, com seu novo Governo, que, de fato, teve fibra, altivez e dignidade de defender a democracia e irá recompor esse projeto para o Brasil, salvando não apenas a economia brasileira e as conquistas do povo brasileiro, como também a democracia e a liberdade, algo que é muito caro a todos nós. Nós não permitiremos que a democracia seja derrotada depois de tantos anos de luta, de tantas mortes, de tanto sangue”, declarou.

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