Venda de ovos cai e a de barras de chocolate cresce

Miriam, gerente da Vevey, diz que a produção artesanal disparou (Foto: Pedro Diogo)
Miriam, gerente da Vevey, diz que a produção artesanal disparou (Foto: Pedro Diogo)

As vendas de ovos de Páscoa estão abaixo das expectativas dos comerciantes. Preço alto e desemprego fizeram com que parte dos consumidores adotasse a estratégia de comprar barras de chocolate para fabricar, por conta própria, e assim manter a tradição de presentear sem gastar muito. A comercialização de chocolate em barra também foi impulsionada pelo aumento do número de desempregados, que buscam na produção artesanal forma de obter alguma renda.

O diretor da Chocolândia, Osvaldo Nunes, disse que a empresa comprou a mesma quantidade de ovos que no ano passado. Até quarta-feira (22) a rede, que conta com uma unidade em Santo André, havia comercializado 54% do estoque. “O movimento começou a ficar melhor semana passada por conta de promoções dos fabricantes. Dependendo da marca, havia ovos com até 25% de desconto”, afirmou, frisando que a partir de quarta (23), algumas marcas dariam desconto de 50%.

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Essas promoções contribuíram para que a unidade da rede ficasse lotada nesses dias que antecedem a Páscoa, mas boa parte do movimento se dá por aqueles que desejam comprar chocolates em barra. “Cresceu muito o interesse para fabricar o próprio ovo de chocolate. Tínhamos 8 mil alunos em nossos cursos, mensalmente. De novembro para cá subiu para 9.200. Isso, em parte é reflexo do desemprego”, disse.

Miriam da Costa dos Santos, gerente da Vevey, em Santo André, confirma que aumentou bastante a demanda por barras para produção artesanal. A loja oferece produtos como matéria-prima, fôrmas e embalagens. “Hoje observamos um fluxo maior de desempregados que enxergam na produção de ovos uma forma de obter renda ou de iniciar um negócio. Tem também muitas pessoas que não estão dispostas a pagar o preço dos industrializados. Uma barra de um quilo sai por cerca de R$ 22. Quanto não custa um ovo de apenas 250 gramas?”, questionou a lojista.

Supermercado
Na Coop a expectativa é de que as vendas de ovos de chocolate fiquem entre 8% e 10% menores em relação a 2015. O parâmetro de Marta Borges, gerente Comercial de Alimentos, é o período Quarta-feira de Cinzas ao domingo de Páscoa. A análise é que, além da crise econômica, a data antecipada da Páscoa neste ano foi ruim. As famílias ainda se recuperaram das dívidas do final do ano e a data caiu fora do dia de pagamento de salários. Ela também cita o aumento de preços como fator ruim. “A indústria focou no público infantil e hoje a Páscoa vende mais brinquedos do que chocolate. E como boa parte dos brinquedos é importada, com o aumento do dólar o preço disparou. A estratégia só funciona por causa das crianças e tem salvado o negócio”, comentou.

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