O mercado está animado nesta Páscoa e espera vender em média 15% mais do que no ano passado. Passados os efeitos da pandemia da covid-19, que trouxe queda nas vendas e falta de insumos, neste ano as perspectivas melhoraram muito, porém alguns desafios ainda aparecem, como a antecipação da data para março e o calor em excesso, que atrapalha o produto. Apesar disso, o pequeno produtor, que manipula e faz os ovos de chocolate em casa, os pequenos comerciantes e as redes supermercadistas estão otimistas.
Na rede supermercadista Coop, a expectativa é de vendas 8% melhores que no ano passado em todos os produtos relacionados à Páscoa, que incluem peixes e vinhos. Mas o chocolate é a grande aposta. “Em 2023, as vendas de ovos de Páscoa tiveram crescimento na base de 3%, porém a grande evolução foi na linha regular de chocolates (as diferentes apresentações de chocolate em barra), que superaram 10% em comparação a 2023. Por isso, os fornecedores no geral estão trazendo um volume 3% acima das vendas de ovos de 2023 e a maior aposta continuará sendo a linha de chocolates regular, incrementada com lançamentos e com edições limitadas para o período”, afirma Franz Zimmerhansl, gerente de Compras Mercearia, que espera crescimento de 10%” na linha regular e 3% na linha de ovos de Páscoa.
A cooperativa também contam com produção própria. Segundo a rede, os chamados ovos de colher são feitos em parceria com a Nestlé. “A nossa marca própria também estará presente nas gôndolas com o bolo pascal, encontrado em caixas de 400 gramas nos sabores frutas e chocolate. Até o Domingo de Páscoa, serão produzidas 38 mil unidades, que equivalem a 15 toneladas”, completa o gerente comercial Marcos Rodrigues.
Chocolateiras
As chocolateiras, que têm na Páscoa uma das melhores datas do ano, esperam vender mais do que no ano passado. A produção vai ficar mesmo para os últimos dias, já que o calor pode interferir no produto final. A culinarista Sheilla Vences, que até o início de 2023 produzia em sua casa doces, bolos e ovos de chocolate, agora com loja física, em Diadema, espera vender mais os produtos de pronta entrega, aqueles que ficam em exposição na loja, do que os ovos gourmet ou de colher, feitos sob encomenda.
A empresária investiu muito na elaboração de um menu com fotos detalhadas dos produtos para atrair novos públicos, para os ovos de chocolate com recheios especiais e os chamados ovos de colher, porém a maior parte do esforço na produção será voltada para os ovos mais tradicionais e que ela vai bater de frente com os supermercados em preço e qualidade.
Sheilla acredita que esse ano será melhor, pois já tem demanda de pedidos. “Mas vou focar bastante nos produtos tradicionais de pronta entrega porque, como as pessoas estão com pouco dinheiro, acredito que esses vão sair mais. No supermercado um ovo de 150 gramas está saindo por R$ 60 mais ou menos, aqui eu vou vender um de 300 gramas praticamente pelo mesmo preço, então isso ajuda o consumidor”, diz a culinarista.
Embalagens menores
Os preços da matéria prima, segundo Sheilla Vences, subiram em média 15% se comparados com o ano passado. Parte dessa alta vai para o preço do produto final, mas ela diz que não repassou tudo. “Os nossos preços eu subi 10%, o meu ovo de colher, que no ano passado vendi a R$ 80, esse ano ficou em R$ 90. Não dá para repassar tudo”, diz. Sheilla também conta que o mesmo processo que ocorre nos últimos anos nos supermercado, de redução da quantidade de produto nas embalagens, também aconteceu nos itens que ela compra no atacado. “Em tudo vemos isso; as embalagens ficaram menores, mas o preço permanece o mesmo. Os pacotes de biscoito Oreo tinham mais quantidade, isso eu já verifiquei”, comenta.
Brasileira
A tradicional de rede de padarias da região, a Padaria Brasileira, também já está com suas lojas abastecidas com os produtos de Páscoa e a expectativa é de vender 15% mais que no ano passado. Para o diretor administrativo da rede, Antonio Henrique Afonso Júnior, as cinco unidades já estão com os produtos em exposição e a aposta da rede são as cestas com canecas e outros itens, como o ovo que vem em caixa junto com itens, como M&Ms para as crianças usarem a criatividade e elas mesmas decorarem o ovo.
“Mais da metade das nossas vendas será de presentinhos. A Brasileira já está focada na Páscoa. Nesse ano a nossa produção começou um pouco antes, porque no ano passado faltaram insumos, como embalagens, então nesse ano compramos um pouco mais. Nos abastecemos na esperança de vender 15% a mais que em 2023”, conta Afonso Júnior.
Crianças
As crianças são a mira dos produtores de ovos de chocolate e há uma infinidade de variações de produtos, com personagens infantis, com brindes, como brinquedinhos, canecas, bonecos, onde o chocolate acaba como uma parte do presente. Os produtos licenciados são mais caros e viram objeto de desejo da criançada.
Preparado para sair em busca de produtos de qualidade e com preço acessível, Eduardo Santana, morador do bairro Batistini, em São Bernardo, quer agradar os dois filhos, de 5 e 15 anos. O mais novo está mais ansioso. “Sempre pesquisamos o lugar com os melhores preços. Os meninos estão ansiosos sim. Principalmente meu menino de 5 anos, que é um doceiro de primeira”, comenta.
“Tem que achar preços que sejam mais em conta”, diz o pai, que já deu uma olhada, mas espera definir a compra nos próximos dias e priorizar os hipermercados onde acredita que encontra preços melhores. “A Páscoa é momento especial para a gente, religiosamente falando, mas as crianças ficam apreensivas em questão do ovo de Páscoa. Meus meninos gostam muito do ovo ‘Sonho de Valsa’ e ‘Tortuguita’ “, diz Santana, que não conhece produtores de ovos artesanais, mas se encontrar produto de qualidade e com preço melhor pode ser opção de compra.
Fabricantes
Os fabricantes de chocolates filiados à Abicab (Associação Brasileira da Indústria de Chocolates, Amendoim e Balas) apontam um crescimento de 17% na produção de ovos de Páscoa de 2024 em relação ao ano anterior. Serão produzidas 58 milhões de unidades, que já chegaram às lojas físicas e virtuais.
Além do aumento da produção, o setor lançou 115 novos produtos. Com isso, ampliou o mix para 611 itens, que vão de ovos clássicos, tabletes , caixa de bombons a chocolate em formas variadas. “Os investimentos do setor reforçam o otimismo do mercado com o consumidor mais seguro com o seu poder de compra e ávido por compartilhar experiências gastronômicas com amigos e familiares em uma data tão simbólica para o Brasil”, afirma Jaime Recena, presidente executivo da Abicab.