O Secretário de Desenvolvimento Econômico e Turismo de Ribeirão Pires, Paulo Silotti, torce para que os projetos de lei que legalizam os jogos de azar e que são avaliados pela Câmara e pelo Senado sejam aprovados nas duas Casas. Para o secretário, a legalização da jogatina poderia gerar mais impostos para os municípios e como o Congresso discute autorizar a instalação de cassinos apenas em estâncias turísticas com menos de 200 mil habitantes, Ribeirão seria diretamente beneficiada.
Ribeirão tem 120 mil habitantes e é a única cidade da região reconhecida como estância turística. Silotti não sabe o impacto financeiro que terá na cidade, mas avalia que a legalização dos cassinos mudará os rumos do município. “Significará para a economia de Ribeirão o que o setor de autopeças significou para cidades como São Bernardo e Santo André”, afirmou.
Dos diversos projetos que tramitam no Congresso, a maioria dos anos 1990, pelo menos um foi aprovado pelo Senado, em 16 de dezembro de 2015, e agora passa por avaliação da Câmara dos Deputados. Trata-se do PL 186/2014, de autoria do senador Ciro Nogueira (PP-PI). “Vai ter muita gente contra a legalização, mas o retorno será muito bom porque legaliza o que já existe informalmente. A tecnologia de informação permitirá aos órgãos públicos terem controle para cobrar impostos e o valor arrecadado é recebido no dia seguinte”, diz.
Turismo
Ribeirão Pires é denominada estância turística desde 1997, mas a atividade pouco acrescenta em termos de geração de empregos e arrecadação de impostos para o município. O problema é que falta infraestrutura adequada para atrair turistas o ano inteiro. O Festival do Chocolate, por exemplo, é considerado o quarto maior do Estado, mas ocorre apenas num curto período do ano. Há construções históricas como igrejas com mais de 320 anos, mas falta rede hoteleira para que o público possa se hospedar.
“Estamos em conversação com uma grande rede de hotel. Se eles construírem uma unidade aqui, a história começará a mudar”, afirma Silotti. O secretário usa outros exemplos do potencial mal aproveitado como os diversos eventos realizados por motociclistas e jipeiros, mas que não movimentam o comércio local. “Eles vêm e retornam no mesmo dia. Não há como ficar na cidade. Apenas padarias e postos de combustíveis ganham alguma coisa, mesmo assim, muito pouco”.
A solução, além de rede hoteleira, é a criação de atrações que possam ser visitadas o ano inteiro. Daí a batalha da Prefeitura para construir o teleférico, que daria acesso a uma outra atração, a Torre de Mioto, que está em construção por empreendedores da comunidade japonesa. Silotto também trabalha para atrair uma fábrica de chocolate para a cidade, o que, em sua opinião, daria mais força para o Festival do Chocolate e serviria de chamariz o ano inteiro.
Empreendimentos
O Secretário de Desenvolvimento de Ribeirão Pires afirma que o que ele mais festeja na atualidade é a mudança de pensamento que possibilitou a entrada de novas empresas na cidade. Como Ribeirão Pires está 100% dentro de área de manancial, criou-se dentro e fora do município, a ideia de que nada poderia ser implantado lá. A cidade recebeu investimentos de algumas companhias de médio porte, regularizou vários empreendimentos e conquistou 3 mil CNPJs novos, inclusos nesse número o chamado microempreendedor individual. O setor comercial também recebeu investimentos de magazines que até então só eram encontrados nas cidades vizinhas do ABC como Santo André e São Bernardo.
“Quando iniciamos a gestão, havia a determinação de gerar empregos. Não sei mensurar quantos postos de trabalho criamos, mas sei que foi uma quantidade satisfatória, pois as novas empresas compensaram parte das demissões”, disse.
A inclusão de Ribeirão no sistema Via Rápida Empresa é visto como uma das razões para a cidade atrair investimentos. Com o sistema, segundo Silotti, é possível abrir uma empresa em até uma semana. A cidade também oferece alguns benefícios como isenção de ITBI (Imposto sobre a Transmissão de Bens Imóveis) na compra de uma área e redução de 60% a 100% do IPTU (Imposto sobre Propriedade Territorial Urbana) pelo prazo de 10 a 12 anos, entre outros benefícios.
“Aqui é a esquina de São Paulo. Estamos perto de tudo, Porto, Capital, ligado a rodovias pelo Rodoanel. A logística de Ribeirão é excelente”, afirma o secretário que vê na diversificação econômica da cidade uma vantagem em relação aos demais municípios da região. “Nossa arrecadação não caiu porque não dependemos somente de autopeças. A diversificação de atividades é boa porque se um setor não estiver bem, o peso dele na economia não é grande o suficiente para prejudicar as contas públicas”.
Para aumentar a atratividade de Ribeirão aos empreendedores, a Prefeitura negociou com o governo do Estado a construção de uma alça de acesso ao rodoanel no trecho dentro da cidade e também negociou com duas empresas especializadas o cabeamento com fibra ótica para viabilizar serviços de internet banda larga. “Temos Speed, mas não atende a necessidade das novas empresas. A Secretaria de Desenvolvimento apontou os locais com maior necessidade. Começaram este trabalho em outubro do ano passado. Também colocamos cinco ponto de Wi-Fi livre na Vila do Doce, na Rodoviária, no Paço Municipal, no Parque Aliança e no velório localizado no Santa Luzia”.