Por Andreia da Fonseca Araujo
Preconceito racial e homofobia são questões complexas, de ordem estrutural e que caracterizam violência contra as vítimas. Tanto o preconceito racial como a homofobia estão presentes em todos os setores, inclusive nas escolas, que deveriam ser ambientes inclusivos para que crianças pudessem aprender e crescer com segurança, sem discriminações.
Essa violência contra crianças no início da vida escolar pode gerar consequências por toda sua existência, provocam danos emocionais e, muitas vezes, físicos, devido ao trauma sofrido.
As consequências podem ser dificuldade de aprendizagem, problemas com autoestima e autoimagem, desenvolvimento de medos, pesadelos, tristeza, ansiedade, pânico, depressão, isolamento social, internalização de sentimento de exclusão, desvalorização, opressão, invisibilidade ou mesmo agressividade por não se sentir pertencente àquele contexto: a escola. Esses sentimentos podem perdurar por toda a infância e, na vida adulta, afeta o convívio com o outro e as relações sociais de forma ampla, como profissional, pessoal e afetiva.
A gestão de preconceito racial e de homofobia pelas escolas tem papel fundamental na promoção de ambientes inclusivos. É fundamental que as instituições de ensino oportunizem uma educação voltada para questões raciais e de gênero. Assim, desde cedo as crianças podem ser educadas para conviver com as diferenças, considerando que cada ser humano é único e deve ser aceito da forma como é.
A escola deve incentivar o diálogo sobre as diferenças, o respeito ao próximo e amor a si mesmo da forma como se é. É importante que a família seja incluída nessa prática de conscientização e respeito, para que o trabalho seja feito em parceria e em favor dos mesmos objetivos.
É ainda importante que professores e colaboradores da escola estejam devidamente capacitados e preparados para lidar com o preconceito, de modo que as crianças se sintam seguras para relatar situações em que forem vítimas de discriminação. E que essas crianças contem com apoio emocional e psicológico, assim os agressores, pois esses também precisam ser acolhidos em sua dor e ressignificar a maneira de ver e lidar com as diferenças, desenvolvendo respeito pelo outro e por si mesmo. Muitas vezes a agressão é uma forma de rejeição no outro daquilo que se nega em si.
É papel da escola desenvolver ações que promovam a inclusão dos alunos e da comunidade, sensibilizem a todos para o respeito mútuo. Todas essas ações são importantes, mas, sobretudo, é fundamental que a escola tenha uma política de não tolerar práticas de racismo e homofobia. Somente com essas práticas poderá haver um ambiente escolar onde os pequenos se sintam respeitados e valorizados em suas diferenças, cresçam seguros e se tornem adultos respeitosos.
Andreia da Fonseca Araujo é psicóloga e supervisora clínica de Atendimentos Psicológicos. É mestre e doutoranda no Programa de Pós-Graduação em Psicologia da Saúde da Universidade Metodista de São Paulo.