Os motoristas de ônibus do ABC ameaçam cruzar os braços caso não recebam uma resposta oficial sobre a vacinação da categoria até esta quinta-feira (15/04). A informação é do presidente do Sintetra (Sindicato dos Trabalhadores nas Empresas de Transporte Rodoviário e Anexos do ABCDMRR), Leandro Mendes da Silva. Segundo o sindicalista, se a resposta não chegar esta semana a categoria vai parar no dia 20.
Os trabalhadores realizaram um protesto no dia 22 de março, parando algumas avenidas da região. Segundo Silva, o Sintetra foi o primeiro sindicato a realizar pedido de inclusão da categoria entre os grupos prioritários para vacina. Ofícios foram enviados ao governo do Estado e ao Consórcio Intermunicipal, mas ainda sem resposta. “Nosso prazo é o dia 15, se não tivermos resposta vamos parar no dia 20”, disse o sindicalista que anuncia ainda que outros sindicatos pelo Estado se organizam.
Em paralelo, o presidente do Sintetra teve um encontro com o prefeito de Ribeirão Pires, Clóvis Volpi (PL), sobre o assunto. “Ele até nos pediu uma relação dos trabalhadores que atuam em Ribeirão e nós encaminhamos, porém ainda não tivemos resposta”, disse Silva.
Em nota, a Prefeitura de Ribeirão Pires confirmou que o chefe do Executivo encaminhou a demanda da categoria. “O prefeito Clóvis Volpi oficializou o Consórcio Intermunicipal no dia 26 de março, pedindo que a instituição negociasse com o governo do Estado a inclusão desses profissionais no Plano Estadual de Imunização. Enquanto a cidade for dependente das doses dos governos estadual e federal, não será possível incluí-los na vacinação antes do aval do Estado. Ademais, no dia 11 de março, Ribeirão Pires passou a integrar o ‘Consórcio Municipal Por Mais Vacinas Contra a Covid’, movimento encabeçado pela frente Nacional dos Prefeitos para negociar a compra de imunizantes com os laboratórios. Caso essa investida seja exitosa, o município se compromete a imunizar a categoria”.
A Secretaria Estadual de Saúde informou que a inclusão de novos grupos prioritários na campanha de vacinação depende de maior oferta de vacinas. “A destinação de mais vacinas contra covid-19 pelo Ministério da Saúde é crucial para continuidade da campanha e expansão dos públicos-alvo. Toda estratégia de distribuição das grades e inclusão de novos públicos segue os critérios técnicos definidos pelo PNI (Programa Nacional de Imunizações) e à medida que o Ministério viabiliza novos quantitativos. O governo de São Paulo, seguindo a missão de salvar vidas, tem priorizado a imunização justamente dos públicos mais vulneráveis: profissionais de saúde, indígenas, quilombolas, idosos e adultos com deficiência residentes em instituições de longa permanência, além de avançar gradativamente na imunização dos idosos em geral – que representam 77% das vítimas fatais da covid-19”.
O Consórcio Intermunicipal do ABC informou que os prefeitos ainda não discutiram esse tema. “Os municípios seguem as diretrizes do Ministério da Saúde e do governo do Estado para vacinação contra a covid-19. Ainda não há deliberação colegiada no Consórcio para a inclusão de outros grupos no plano de imunização”, sustentou a entidade regional.
Enquanto isso cerca de 22 mil trabalhadores do setor continuam trabalhando normalmente, 12 mil deles só no transporte público. Não há dados oficiais sobre o quanto a doença afeta a categoria, mas o sindicato estima que cerca de 7% dos trabalhadores já foram contaminados pela covid-19. “Todo dia perdemos dois ou três colegas”, comentou Leandro Mendes da Silva.