A campanha do Setembro Amarelo, de prevenção ao suicídio, ganhou importância ainda maior com o isolamento social para conter o avanço do novo coronavírus. Médico psiquiatras registraram piora nos casos de depressão e ansiedade. Enquanto isso, os municípios desenvolveram atividades restritas voltadas à saúde mental.
Ana Carolina Bergo, médica psiquiatra da Rede D’Or São Luiz, diz que a campanha Setembro Amarelo é importante para combater o estigma sobre a saúde mental. “Todos nós estamos expostos em alguma fase da vida a se sentir deprimidos, é necessário evidenciar as doenças emocionais e mostrar ao paciente com sintomas suicidas que há alguém para acolhe-lo e fornecer apoio”, orienta.
A médica observou piora nos quadros de depressão e ansiedade. Diz que em cada 10 pacientes que consulta, ao menos três são situações de depressão e ansiedade iniciadas na pandemia e resultados da mesma.
O mesmo diz o médico Líbano Abiatar, psiquiatra e coordenador da Psiquiatria do Hospital São Luiz São Caetano e do Hospital Brasil, que registrou aumento na procura por atendimento de 30%. “Observei aumento também de pessoas com discursos e comportamentos suicidas”, relata.
Abiatar salienta a importância dos familiares no tratamento de doenças mentais. “É importante fazer o tratamento adequado dos transtornos mentais, a família deve fornecer esse auxílio ou quem é do convívio, porque é a forma mais eficaz para prevenir o suicídio”, explica.
Serviço público
Em São Caetano, as ações serão internas com os pacientes, mas os CAPS (Centro de Atenção Psicossocial) ainda acolhem e avaliam todos os pacientes que buscam o serviço. Os casos que precisam de acompanhamento são enquadrados em um projeto terapêutico com psicólogos ou psiquiatras dependendo de necessidades e demandas.
Em São Bernardo, as atividades de conscientização e prevenção ao suicídio também ocorrem nos CAPS, com protocolos exigidos pela Vigilância Sanitária. Nenhum serviço da rede de saúde mental foi suspenso, exceto as atividades em grupos.
Já em Diadema continua com atendimentos, que passaram a ser por demanda espontânea, com destaque para os casos de risco ou ideação de suicídio. Também são realizados atendimentos de pacientes e monitoramento via telefone ou WhatsApp, e atendimento presencial de casos graves.
Rio Grande da Serra segue no esquema de porta aberta para os atendimentos, que são diários e focados em casos de crise. Os atendimentos individuais de psicologia foram retomados de forma gradual.
Um seminário virtual será realizado por Santo André para médicos e enfermeiros, sobre cuidados aos munícipes com tentativas de suicídio. A Prefeitura identificou receio da população em ir até um dos serviços presenciais de saúde mental por conta da pandemia.
Em casos graves, os atendimentos seguem nos CAPS, de segunda a sexta-feira, das 7h às 18h, sem necessidade de encaminhamento. Além disso, em situações de crise, o munícipe pode procurar a Emergência Psiquiátrica (24h) do Centro Hospitalar Municipal.
Ribeirão Pires vai promover ações voltada aos pacientes e a conscientização de familiares e comunidade, como abordagens com grupos de pacientes, reforço de orientações aos usuários dos CAPS e palestras online para os pacientes e seus familiares.
Os atendimentos na cidade não foram interrompidos e seguem pela internet. A cidade adotou o tele atendimento, no horário de funcionamento dos CAPS, para ações individuais, em grupo, orientação familiar, manejo de crise e orientações gerais sobre saúde mental.
Colaboraram Fernando Scerveninas e Nathalie Oliveira)