Pedidos de compreensão e calma aos pais e, ainda, promessa de apoio psicológico aos estudantes foram a tônica da entrevista das secretárias de Educação Silvia Donini, de São Bernardo; e Zane Machi, de Santo André, ao canal RDtv, neste domingo (28/6). O bate-papo contou, ainda, com a participação de Fabrício Coutinho, titular de São Caetano, que garantiu a volta às aulas somente quando o município considerar que é a hora e não o Governo do Estado, o qual fez projeção para a retomada das aulas na rede pública de São Paulo em 8 de setembro.
Para Zane Machi, secretária em exercício de Santo André, o momento não é para desespero, pois caso a data seja realmente aderida, a cidade precisará adotar todas as medidas de segurança necessárias para garantir a saúde dos alunos. “Existe uma programação, até setembro teremos tempo para nos planejar. Estou tranquila pois damos um passo de cada vez”, afirma. O município, que contabilizou 300 crianças sem acesso ao material disponibilizado pelas unidades de ensino durante a pandemia, prevê flexibilização da grade curricular e aplicação de reforço escolar no momento de retomada.
No momento, segundo a secretária, a prioridade é a qualidade do ensino aplicado aos estudantes, mas com a flexibilização geral na educação, as faltas e reprovações não devem ser motivo de desespero para os pais. “A legislação flexibilizou e estabeleceu a validação do ano letivo a partir de horas, e não de dias, o gera mais possibilidades de considerar o ensino híbrido para ser contabilizado como presença e conteúdo”, reitera. No momento, a cidade disponibiliza material impresso e virtual para os alunos.
A secretária conta que outra preocupação é a quantidade significativa de funcionários da educação afastados por problemas psicológicos. “Por isso, iremos oferecer trabalho de acolhida com suporte psicológico para estes profissionais, que enfrentam um desafio enormes neste momento”, completa. Ainda sem certezas para a volta, Zane Machi diz que a decisão depende totalmente do Estado. “Não podemos confirmar, seguimos o que vem do Estado. Mas se houver a volta, vamos avaliar cada quesito para que as defasagens sejam superadas”, aponta.
São Bernardo
Em São Bernardo, Silvia Donini esclarece que, caso as aulas sejam retomadas para os 82 mil alunos da rede pública, todos os protocolos de higiene serão seguidos rigorosamente, por isso, é importante a compreensão e confiança dos pais. “Vamos seguir à risca tudo que o governo de São Paulo orienta, isso é fundamental. Haverá a compra de insumos sanitizantes, como álcool em gel, termômetro, além de EPIs (equipamentos de proteção individual) para os funcionários”, afirma.
Para a secretária, a reorganização do calendário letivo é fundamental para a volta, já que a equipe de educação trabalha continuamente nisso, o que permite que os pais não se preocupem com os prejuízos educacionais de seus filhos neste momento. “Os pais não devem se preocupar com isso neste momento. Há especialistas trabalhando para isso e pautam as nossas ações. Estes temas serão tratados em momentos oportunos com discernimento”, completa.
O mais prudente, diz Silvia Donini, é aguardar mais posicionamentos e conferir no sistema de educação da cidade, já que caso haja a retomada gradual as aulas serão com 35% de alunos em aulas, medidas imprescindíveis. “Haverá reforço e todo apoio necessário para estes alunos, inclusive nutricional. Por isso, peço a confiança dos pais”, conta. No momento, a rede conta com 7 mil professores e aplicação de atividades impressa que podem ser retiradas semanalmente pelos responsáveis, além de ensino remoto.
São Caetano
Para o secretário Fabrício Coutinho, a data estipulada pelo governo do Estado foi precipitada, e, segundo ele, o município só irá retornar quando possui aval da secretaria municipal de saúde. “Neste momento não vejo possibilidades. Planejamos trabalhar o ensino remoto até o fim do ano”, afirma.
Um dos fatores que preocupa e impede o retorno das aulas no município é o fato de que um quinto dos funcionários da educação pertence ao grupo de risco da doença, possui idade superior a 60 anos. “Fizemos uma pesquisa na cidade e 73% dos pais são contra o retorno agora. Temos 22 mil alunos e 90% aderiram ao ensino virtual”, diz.
Sobre o possível prejuízo dos alunos, o secretário também diz que os responsáveis não devem se preocupar. “Nesse momento não podemos falar em faltas”, conta. Para as aulas online, os professores tiveram o privilégio da capacitação, segundo Coutinho, ao afirmar que após a aderência do ensino a distância, o foco foi a revisão do conteúdo do primeiro semestre nas aulas. “Conseguimos monitorar o acesso de todos os alunos. Além disso, oferecemos apoio psicológico para os profissionais da educação”, conclui.
Pais criticam medida
Durante entrevista ao RDtv, muitos internautas expressaram repúdio e indignação à data de previsão para as voltas as aulas. “Infelizmente tem que repetir o ano letivo dos alunos, e em 2021 começar tudo do zero. Não vai ter condições para terminar o ano 2020”, diz Douglas Sales.
Já Leonidio Araujo afirma que a decisão é imprudente. “É de muita irresponsabilidade a autorização das aulas esse ano”, comenta. Enquanto Orlando Corrêa diz que criança é sempre criança, não vão se resguardar, usar máscaras. “Eu não vou mandar minhas netas, podem perder o ano mas não vamos perder nossas crianças sendo contaminadas”, desabafa.
A mãe Luciane Brumatti também demonstra preocupação com a decisão, que pode levar a contaminação das crianças. “Não tem condições de voltar as aulas, ainda há muitas pessoas com covid-19″, aponta.