A segunda-feira (15/06), primeiro dia de reabertura do comércio de rua e dos shoppings centers na região, foi marcada por filas de gente querendo entrar nas lojas depois de quase 90 dias de quarentena por conta da covid-19. Filas enormes foram registradas nas entradas dos centros de compras e nos principais centros comerciais de rua também foi registrado grande movimento. O RDtv, ouviu comerciantes que abriram, mas não tiveram grande resultado de vendas, outros mantém a esperança de que o socorro virá das vendas on-line, e há ainda o lado de quem preferiu não abrir. As prefeituras, no entanto, mantiveram a fiscalização e houve autuações e lacrações por descumprimento das normas de funcionamento.
Mariene Figueiredo, franqueada da marca de perfumes Água de Cheiro, com loja no Centro de Santo André disse que recebeu um público razoável, porém como investiu bastante nas vendas on-line durante a pandemia, já espera um resultado melhor na venda digital do que na presencial. “Nossa expectativa estava muito alta, acho que estávamos muito ansiosos, por isso esperava um movimento muito melhor. Achei que as pessoas estavam conscientes, sensatas e mantiveram a distância. O público foi razoável, fiquei satisfeita”, disse sobre o movimento na loja física. Já na loja virtual é que se depositam as expectativas de maior faturamento. A franqueada que está há 33 anos com a loja física já se convenceu disso. “Nosso forte é a venda da loja física, mas acabei até gostando das vendas on-line percebi que as pessoas estão muito carentes. Passei a ser mais amiga das clientes. Digo que muita coisa vai mudar ainda. As pessoas estão gostando de comprar on-line e receber no delivery”, comentou.
Andreia Bessa, sócia proprietária da marca Pele Capele, cabeleireiros, setor que ainda não está autorizado a funcionar, também investiu nas vendas on-line dos produtos que utiliza no salão. Foram montados kits de tintura que vão com um manual para utilização e a cliente ainda conta com apoio de um profissional que pode tirar as dúvidas on-line. “Como todo mundo teve que se reinventar, se modernizar, vejo isso como um caminho sem volta. Tivemos que montar tudo em três dias. Eu já gostaria de vender on-line, mas estava deixando isso para depois, aí chegou o momento. Vejo isso de maneira positiva, pois abriu um novo nicho”, disse a empresária que mantém a loja do Shopping em São Caetano fechada e entregou a loja do Shopping ABC, durante a quarentena, não por conta da crise, mas porque está investindo em uma loja de rua que está quase pronta. “Vamos manter a unidade do Shopping São Caetano e loja de rua também”, destacou.
Um comerciante que definitivamente deixou a loja física para atuar com loja virtual é Gilberto Gomes. Depois de 18 anos ele transformou a Floricultura Flor de Liz na FlordeLiz.com. E ele conta que o Dia dos Namorados foi muito bom. “Tivemos que nos reinventar por causa da pandemia, nesses 90 dias tivemos que mudar da água para o vinho. O Dia dos Namorados para nós foi muito bom, buscamos o e-comerce, que era uma área em que não investíamos tanto e buscamos nas redes sociais, Nesses três meses tivemos só sucesso, antes estávamos capengando. Entregamos o prédio que nós tínhamos, e foi em cima dessa pandemia que nós conseguimos dar a volta por cima. Buscando clientes, conseguimos passar esses três meses. Com essa dificuldade que eu pude renascer para o comércio”, comemora.
Na contramão das expectativas Filipe dos Anjos, dono de uma loja de roupas masculinas em Diadema, uma das mais antigas da cidade com 55 anos de mercado, optou por não abrir seu comércio. Ele acredita que o momento não é bom, pois acha que ainda estamos no pico da doença. Em frente a sua loja ele instalou uma faixa onde diz que “Não é hora de abrir o comércio” e logo abaixo coloca os números da covid-19 no país, mais de 44 mil mortos, no estado, mais de 13 mil, e arredonda o número de infectados para cerca de um milhão. “Para mim o comércio, não é um fim em sim um meio para atingir o objetivo, que não é ficar rico, mas conciliar o aspecto comercial com o comprometimento social. Eu não vejo condições para abrir a loja e oferecer segurança ao meu cliente, a mim e meus funcionários. Isso é impossível. Diante desse caso tomei a decisão de não abrir, quanto tiver condições para voltar com segurança eu vou abrir. Na semana anterior ao fechamento do comércio eu já não vendi nada, portanto entre zelar pela vida e faturar um pouco, eu vou preservar a vida. Entendi que não vale a pena”, disse o comerciante.
Além de Gomes, que apostou todas as fichas nas vendas on-line e tem tido êxito, Mariene e Andreia estão confiantes no movimento da internet. “Eu vendi bem, as clientes acataram bem o delivery”, comenta. “O delivery é algo que me surpreendeu. É olhar para o nosso próprio negócio e ver o que a gente pode se adaptar e mudar”, concorda Andreia. “A pandemia fez com que eu saísse da zona de conforto. Às vezes a gente precisa tomar uma rasteira, olhar para os quatro cantos, acordar para a vida e renovar. Sair da ilusão do conforto para olhar para frente e ver que iremos vencer”, completa Gilberto Gomes.
Prefeituras autuaram e fecharam estabelecimentos que não cumpriram normas
As prefeituras aproveitaram o primeiro dia de funcionamento dos comércios para reforçar as campanhas de conscientização para o uso de máscara e de higienização constante das mãos de quem foi às ruas aproveitar as lojas abertas. As cidades também colocaramm seus fiscais para aferir o cumprimento das normas, com isso houve multas e até fechamento de loja.
A prefeitura de São Bernardo montou uma grande operação, por meio do trabalho conjunto do departamento de Vigilância Sanitária, com a secretaria de Obras e Planejamento Estratégico e a Guarda Civil Municipal (GCM), para fiscalização do cumprimento das regras sanitárias. “A operação resultou na interdição de uma loja de variedades, localizada na rua Marechal Deodoro. Das 11h às 15h, 48 estabelecimentos foram fiscalizados na via, considerada o principal bolsão comercial da cidade. Após o término do horário autorizado de funcionamento, a via foi interditada para veículos. Outros centros comerciais nos bairros Rudge Ramos, Vila São Pedro e outros também foram vistoriados. As equipes verificaram a limitação de pessoas no interior da loja, o distanciamento de 1,5 metro entre os clientes, o uso de máscaras, a disponibilização de álcool gel, além de checarem toda a documentação do estabelecimento”, informou a administração. Denúncias sobre descumprimento das medidas podem ser feitas através do 153, da GCM, e pelo aplicativo São Bernardo na Palma da Mão.
Em Santo André, cerca de 15 mil pessoas passaram pelo corredor comercial da Oliveira Lima, no Centro da cidade, que estreou nesta segunda-feira (15) novas normas de circulação para evitar aglomerações. A prefeitura, porém, optou por adotar uma postura mais orientativa e não chegou a multar comerciantes. “Foi realizada a fiscalização no primeiro horário para que o comércio respeitasse o horário de abertura, seguindo decreto estadual. A ação foi preventiva, como forma de mitigar os impactos. Não foi preciso notificar e nem multar nenhum estabelecimento. Não foi registrado nenhum incidente após a abertura das lojas, onde foi constatado o respeito das ações preventivas, como uso de máscara, álcool gel e distanciamento.
Na Oliveira Lima também foi instalado o Pit Stop da Prevenção, onde há higienização com álcool em gel, aferimento de temperatura e distribuição de máscaras. A prefeitura também reforçou a frota de ônibus. “Até a última sexta-feira (12), 168 ônibus operavam na cidade. A partir desta segunda-feira (15), tivemos incremento de 35%, passando a ter 225 veículos, frota considerada acima da demanda atual”, informou a prefeitura andreense em nota.
Diadema também não fez nenhuma autuação nem interdição. “As equipes de fiscalização realizaram um trabalho de orientação junto aos estabelecimentos comerciais da cidade, por isso não foi emitida nenhuma notificação e nem lacração. No final da tarde de hoje, foi realizada uma reunião com a coordenação das ações de fiscalização, ajustando as medidas que serão adotadas já a partir desta terça-feira, buscando orientar os comerciantes a cumprirem os horários estabelecidos no decreto, que se baseiam no Plano São Paulo do Governo do Estado. Ressaltamos ainda que a colaboração dos comerciantes, cumprindo o que determina o decreto e também da Polícia Militar fiscalizando são fundamentais”, diz informe da prefeitura. A frota de ônibus circulante em Diadema também foi reforçada em 20% no horário de pico, passando a operar com 70%.
A prefeitura de Ribeirão Pires manteve nas ruas suas equipes de fiscalização, mas não houve autuações. “A prioridade foi garantir a orientação aos comerciantes e prestadores de serviço neste primeiro dia de retomada de atividades na fase laranja. As equipes fiscalizaram o cumprimento das regras para outros tipos de estabelecimentos ainda não autorizados a retomar o funcionamento ao público – salões de beleza, bares e restaurantes (somente delivery e/ou drive-thru), entre outros”, informa a administração. Na cidade também circulou 70% da frota no horário de pico e 50% nos demais horários.
São Caetano, Mauá e Rio Grande da Serra não informaram como foi o primeiro dia de funcionamento dos comércios de rua e shoppings.