A vereadora de Santo André Elian Santana (SD) e mais três pessoas foram presas pela Polícia Federal, nesta segunda-feira (26), por suspeita de fraudes em processos de pedido de aposentadoria por parte de funcionários de bancos públicos e privados, e empresas de telefonia. Segundo os dados apresentados pelos investigadores o prejuízo aos cofres da Previdência Social pode chegar a R$ 170 milhões.
A operação Barbour foi deflagrada após informações do sistema de inteligência da Previdência Social de que eram concedidas aposentadorias com base em informações falsas de exercício de atividades insalubres e perigosas, o que proporciona uma contagem diferenciada para a permissão da aposentadoria, assim acelerando estes processos.
Segundo os investigadores, o processo começava dentro do gabinete da vereadora Elian Santana, na Câmara de Santo André, em reuniões que ocorriam às segundas-feiras. As pessoas que queriam se aposentar procuraram a chefe de gabinete, Luciene Aparecida Ferreira de Souza, que intermediava uma reunião com Adair Assar, que realizava toda a negociação.
Informações falsas eram adicionadas ao histórico profissional destes servidores que assinavam uma procuração onde permitiam que Assar fizesse todo o processo em seus nomes. Todos os documentos eram levados até o servidor do INSS Vitor Mendonça de Souza, que trabalhava na agência da Previdência Social em Diadema, e que recebia o pedido de aposentadoria e rapidamente concedia o benefício. Algumas aprovações aconteciam quatro minutos após o recebimento.
Cada servidor pagava para o grupo um valor que variava entre R$ 9 mil e R$ 15 mil. A divisão dos valores recebidos ainda é alvo a investigação. Apesar de não ter sido apresentado nenhuma informação sobre a participação de Elian Santana nas reuniões ou nas negociações, os investigadores consideram que a vereadora sabia de todo o esquema e permitia que o mesmo acontecesse em seu gabinete.
“É impossível que ela não sabia das fraudes, sendo que a chefe de gabinete dela é que atendia essas pessoas e também essa chefe de gabinete negociava esse atendimento, esse pagamento entre R$ 9 mil e R$ 15 mil por meio de mensagens de correio eletrônico, por meio do e-mail da chefe de gabinete dela acontecia isso. No e-mail particular”, disse o delegado da Polícia Federal, Rafael Dantas.
As investigações já comprovaram 24 casos, porém a expectativa é de que 1,3 mil processos que passaram pelas mãos de Souza tenham as mesmas irregularidades. O atual prejuízo é de cerca de R$ 600 mil, porém pode chegar à R$ 170 milhões caso haja a comprovação dos demais casos.
Na operação foram executadas quatro mandados de prisão temporária de cinco dias (renováveis por mais cinco), de Elian, Leliane, Adair e Vitor. Além disso, mais seis mandados de busca e apreensão em São Paulo, Diadema e Santo André. Na casa de Vitor foram encontrados R$ 47 mil e mais 3 mil dólares (R$ 11.790 na cotação de hoje).
Todos são acusados dos crimes de organização criminosa, estelionato, inserção falsa de documentos e corrupção passiva. Além disso, foram impetradas medidas cautelares pedindo os bloqueios dos bens de todos os envolvidos e o afastamento temporário de todos que tem algum cargo público.
Até o fechamento desta reportagem não houve qualquer tipo manifestação da defesa dos acusados. Assim que houver, a matéria será atualizada.