Em uma votação recheada de polêmicas, a Câmara de Diadema aprovou, em primeiro turno, o projeto de lei que autoriza o Executivo a contrair um empréstimo junto à Caixa Econômica Federal (CEF) no valor de R$ 124,8 milhões para a construção do novo hospital municipal. Durante a sessão desta quinta-feira (23), vereadores trocaram farpas sobre o assunto. A segunda votação ocorrerá na próxima semana.
O principal ponto de discórdia em torno da construção da unidade, no bairro Vila Nogueira, foi a capacidade financeira do município para conseguir o financiamento junto ao banco público. Vereadores de oposição mostraram uma série de reportagens que mostraram que a União negou que o rating (nota de classificação de crédito) era o suficiente para a movimentação financeira pedida.
“Será que a cidade tem mesmo capacidade de obter um empréstimo milionário? A Prefeitura publicou que tem nota B, mas no Diário do Grande ABC, a União disse que a nota é C. Quem está mentindo sobre isso? Está claro que a Prefeitura tem uma série de problemas em torno das finanças e não tem capacidade de bancar tudo isso”, disse Josa Queiroz (PT).
A base governista tentou utilizar como argumento para o voto favorável as condições do atual hospital, localizado no bairro Piraporinha. “É um prédio que não tem condições de reforma. Infelizmente algumas pessoas ficam internadas nos corredores por causa da falta de um local. Sabemos que um prédio novo vai ajudar nisso”, afirmou o líder de governo, Célio Boi (PSB).
Durante a sessão, as pessoas que acompanhavam os debates se dividiram. Aliados da base oposicionista criticavam a tentativa de empréstimo, enquanto pessoas identificadas como membros do Conselho Municipal de Saúde demonstraram ser favoráveis ao projeto para um novo equipamento.
Na votação, foram 12 votos favoráveis, sete votos contrários e uma abstenção, no caso do vereador Ricardo Yoshio (PRB). “Me abstive por causa da falta de informações. Todo o projeto desses vem com um relatório do impacto financeiro, porém o mesmo não chegou ao Legislativo e precisamos saber sobre o que vai ocorrer”, disse o republicano.
Entre os votos contrários, estava o de Salek Aparecido (DEM). “Não tinha como votar a favor, o novo hospital não vai sair. Basta ver o que aconteceu com a promessa do hospital infantil e da UBS (Unidade Básica de Saúde) da Vila Paulina, nada saiu do papel, só promessas vazias. Não tem como acompanhar”, afirmou o democrata.
Tempo
A Prefeitura de Diadema corre contra o tempo para conseguir iniciar a obra do novo hospital. A Caixa deu até o final do ano para que o Executivo conseguisse o empréstimo. O mesmo pode não sair se antes de sua finalização chegar a cobrança do Consórcio Intermunicipal do Grande ABC em relação à dívida que gira em R$ 10 milhões.
Além disso, a Previdência Social, dona do prédio que abriga o atual hospital municipal deu o prazo até o dia 15 de setembro para que o município desocupe o local. O prefeito Lauro Michels já afirmou que não deixará o local.