Dos 312 municípios brasileiros que apresentam cobertura vacinal contra a poliomielite de crianças menores de um ano bem abaixo de 50%, 44 estão no Estado de São Paulo, casos da Capital (30,60%), Mairiporã (41,99%) e Peruíbe (41,02%). Na lista divulgada pelo Ministério da Saúde, com dados referentes a 2017, não há nenhuma cidade do ABC. Porém, médicos especialistas alertam sobre o possível retorno da doença erradicada no País e nas Américas há 24 anos, mas que provoca paralisia nos membros inferiores.
Não há casos de paralisia infantil no Brasil. O último registro do vírus foi feito em 1989 em Souza, na Paraíba. O que não representa cenário tranquilo para a população. “A doença não está erradicada no mundo, o que pode, eventualmente, ter a introdução do vírus aqui, principalmente pela velocidade de deslocamento das pessoas nos últimos tempos”, alertou o médico Munir Akar Ayub, docente da disciplina de infectologia na Faculdade de Medicina do ABC.
O vírus ainda circula no Afeganistão, Paquistão e Nigéria. Em junho, um caso foi registrado na próxima Venezuela, na América do Sul, após quase 30 anos de erradicação. O sinal de alerta foi acionado, mais uma vez. Mesmo sem risco iminente, o infectologista ressaltou a importância da continuidade da imunização nas crianças menores dos cinco anos. “Não tem remédio nem tratamento. A prevenção se faz por meio da vacina”, reforçou Ayub, ao acrescentar que os pais não devem baixar a guarda.
A OMS (Organização Mundial da Saúde) recomenda que, pelo menos, 95% das crianças sejam vacinadas para o controle da doença. Atualmente, a média nacional da cobertura é de 77%. Mas existem casos mais alarmantes pelo Brasil afora. Em Ribeira do Pombal, cidade distante a 298 quilômetros de Salvador, na Bahia, a cobertura vacinal contra a paralisia infantil é de apenas 0,50% em crianças com menos de cinco anos.
Sem casos
Na região, não há registros de casos de poliomielite nos últimos anos, inclusive até o momento. Das sete prefeituras, Rio Grande da Serra não informou. A vacina, que compreende cinco doses distintas, está disponível gratuitamente na rotina de imunização da rede pública de saúde de cada município.
No caminho inverso dos 312 municípios brasileiros listados pelo Ministério da Saúde e consciente da importância da imunização para prevenção das doenças, a nutricionista Carolina Resende, 28 anos, moradora em Rudge Ramos, levou a pequena Alice Resende Gallo, 1 ano, para vacinação de rotina na UBS (Unidade Básica de Saúde) da Vila Dayse, em São Bernardo. “Acho importantíssimo”, afirmou a mãe de primeira viagem.
Rotary Clubes participam da campanha
A Campanha Nacional Contra a Poliomielite será realizada de 6 a 31 de agosto. Crianças menores de cinco anos são o alvo. No ABC, 25 Rotary Clubes engrossam a ação para melhorar a cobertura vacinal na região. Em especial, dia 18 de agosto, no chamado Dia D de Mobilização cerca de 500 rotarianos estarão nas ruas.
“Houve perda significativa da cobertura vacinal nos últimos anos e o risco do retorno da doença é grande”, afirmou o engenheiro automobilístico Luiz Antonio Pirola, presidente do Rotary Santo André – Norte. No município, são oito clubes de serviços envolvidos e que definem nos próximos dias as ações do dia 18. “Provavelmente, faremos algo em conjunto”, adiantou.
Desde 1979, o Rotary Internacional está na luta para erradicação global da doença.