Pouco visível por meio do avanço da medicina, mas ainda assim um problema que não pode ser ignorado. O vírus HIV segue como uma ameaça para população sexualmente ativa, principalmente entre jovens. Segundo a médica infectologista do programa IST (Infecções Sexualmente Transmissíveis) em Santo André, Elaine Matsuda, em entrevista ao RDtv, entre os segmentos mais vulneráveis à Aids está entre homens que fazem sexo com homens (HSH).
Embora enfatize a necessidade de políticas públicas abrangentes a toda população, Elaine cita que é preciso acompanhamento próximo a grupos mais vulneráveis, como o HSHs, travestis, casais em que um parceiro é soropositivo, além de profissionais do sexo. “No Brasil, a gente ainda tem uma epidemia concentrada em alguns grupos de maior vulnerabilidade. Na população geral, há entre 0,4% e 0,6% de pessoas infectadas, na população HSH, esse percentual aumenta 10%”, cita.
Segundo dados do Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/AIDS (Unaids), houve um aumento no número de novas infecções de 47 mil novos casos em 2010, para 48 mil em 2016.
Outro alerta vem do Ministério da Saúde, houve registro de 38.090 pacientes em 2016, número 7,7% menor que as 41.279 ocorrências em 2014. Por outro lado, casos de contaminação entre homens que fazem sexo com homens aumentaram 140% de 2009 a 2016, segundo estudo promovido pela UFC (Universidade Federal do Ceará).
O tratamento na população masculina também é dificultado pelo preconceito e relutância pela prevenção, independentemente se o homem é da população HSH ou não. “Porque geralmente quando o homem procura o médico, já está doente. E o que a gente tem é que a população de maior vulnerabilidade é os homens que fazem sexo com outros homens”, considera.
“O que a gente tem conhecimento na saúde do homem é a dificuldade na procura pela prevenção, porque é mais resistente a fazer os exames de rotina. Então a gente tenta ir a esses locais onde esses homens estão e fora do horário de trabalho”, diz.
Outro desafio apontado por Elaine é a invisibilidade da doença em muitos casos, graças aos avanços da medicina para conter o vírus HIV, o que inibem sintomas. “Acredito que atualmente, a grande dificuldade se dá por essa geração que está se contaminando não ver a Aids de fato. Hoje, temos tratamentos eficazes nos quais inibem os sintomas”, pontua.
“Aqueles casos de Aids que a gente viu pessoas morrerem caquéticas, emagrecidas, com diarreias crônicas, pneumonias, como foi o Cazuza e o Freddie Mercury. Mas essa geração que se infecta agora, não presencia esse tipo de situação. Então o medo da Aids não é mais como era antes”, completa a infectologista.
Elaine explica que dados do Ministério da Saúde contam que 87% de pessoas infectadas têm o conhecimento do HIV em seu organismo. Com base nisso, a médica estima que em Santo André, haja cerca de 700 pessoas infectadas sem conhecimento da portabilidade da doença e que precisam ser diagnosticadas.
Ao RDtv, Elaine também explica sobre o período de incubação do HIV, tipos comuns de contaminação, dos trabalhos desenvolvidos pelos serviços públicos e das projeções da medicina a respeito da contenção e possivelmente uma futura cura da Aids.