A poucas horas da votação no Senado que definirá o futuro de Dilma Rousseff, lideranças petistas começam a deixar de tratar o afastamento da presidente apenas como uma possibilidade e passam a reconhecer o que todas as projeções indicam: o governo federal está prestes a mudar de mãos – mesmo que temporariamente.
Em Santo André, uma das três cidades do ABC administradas pelo PT, o governo começa a traçar cenários para o provável governo Michel Temer (PMDB), que deve ter início na quinta-feira (12), um dia depois de o Senado afastar a presidente.
Um dos principais articuladores do governo Grana, o secretário de Governo Arlindo José de Lima avalia que no momento há mais dúvidas do que certezas. “Para nós é uma grande interrogação, quem vai ficar em cada lugar [no novo governo]. A gente vai continuar dialogando com o governo federal, temos vários projetos que foram maturados. Como eles vão lidar com a gente não dá pra saber”.
A troca de comando do País ocorrerá sem que diversas promessas feitas pela União para Santo André tenham virado realidade. A construção da ETA (Estação de Tratamento de Água) da Borda do Campo e as obras do Hospital da Vila Luzita são apenas dois exemplos de intervenções que travaram por causa da falta de verbas federais.
“O que estava já licitado foi a ETA, a maior decepção nossa é essa. Decepção é uma palavra meio forte, mas um pouco de frustração há sim”, afirma Arlindo. “As prefeituras todas que tinham elaborado e construído os projetos com equipe técnica e depois na hora de executar não executa é óbvio que há uma certa frustração […] Quem sabe agora com outro governo não destrava?”.
O secretário de Governo ressalta, no entanto, que outras obras que contavam com verbas federais foram entregues, como a canalização do córrego Guaiaxaya.
Durante a eleição presidencial de 2014, o prefeito Carlos Grana ressaltou a importância de Dilma ser reeleita para garantir R$ 1 bilhão em verbas federais prometidas para a cidade. Pouco desse montante foi disponibilizado, de fato.