Pesquisa sobre monotrilho não preocupa comerciantes

Comércio varejista pode sofrer com mais evasão de consumidor. (Foto: Banco de Dados)

As Associações Comerciais de Santo André e São Bernardo não se mostram preocupadas com a concorrência acirrada com São Paulo que a implantação da linha 18-Bronze do Metrô vai promover. Os diretores ouvidos pelo RD não citaram ações futuras e transfeririam soluções minimalistas, como promoções e comunicação, para os lojistas. Já Sandro Maskio, coordenador do Observatório Econômico da Universidade Metodista, adverte: “Eles não têm consciência da mudança de fluxo que isso pode acarretar”, afirma.

Segundo estudo realizado pela Educa, empresa da Universidade Metodista, encomendado pela Agência de Desenvolvimento Econômico do Grande ABC e pelo Consórcio Intermunicipal, 65% dos consumidores entrevistados afirmaram que, após o início de funcionamento do monotrilho, tendem a ampliar a frequência com que vão para a Capital fazer compras. A linha 18-Bronze do Metrô, que vai ligar São Bernardo à estação Tamanduateí, deve entrar em funcionamento num prazo de três anos.

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Valter Moura, diretor da Acisbec (Associação Comercial e Industrial de São Bernardo do Campo), não acredita que a chegada do monotrilho irá prejudicar o comércio da região. Para Moura, consumidores irão à Capital, mas outros da Capital farão o inverso. O diretor aponta que o comerciante deve se preocupar mais com o comércio eletrônico do que com a concorrência da rua 25 de Março. “Hoje em dia quem mais rouba clientes é o mercado virtual”. Moura adverte que a divulgação e promoções do nome da loja serão essenciais para a sobrevivência do negócio. “O comerciante precisa fazer uso da comunicação para conseguir promover sua marca, tanto na região quanto na Capital”, diz.

Evenson Robles Dotto, diretor da Acisa (Associação Comercial e Industrial de Santo André), acredita que a maior circulação de pessoas será positiva não somente para o trânsito como para o comércio, mas os indicadores da pesquisa servem como alerta para os comerciantes locais. “A pesquisa mostra que existe uma quantidade de pessoas que pretende sair da região, mas em 3 ou 4 anos o mercado tem tempo para se preparar e não só prender estes clientes no ABC, mas atrair consumidores de São Paulo”, ressalta. O diretor afirma que os lojistas terão de trabalhar muito bem com preços, promoções e publicidade para poder concorrer com o mercado da Capital.

Sandro Maskio diz que não há caminho diverso senão a preparação de um ambiente de maior competição, com mais possibilidades para o consumidor. “Será preciso oferecer estrutura e diversidade de produtos que façam frente a essa nova realidade, na medida em que tiver maior integração dos mercados e maior fluxo de mobilidade”, analisa.

Maskio acredita que as associações comerciais precisam se integrar e divulgar o mercado da região em conjunto. Aponta que há tempo para preparação, mas é preciso cuidado. “A capital tem mais estrutura comercial que o ABC. Os consumidores de São Paulo não devem vir para o ABC. O mercado de varejo é enorme por lá”, diz.

A Associação Comercial de São Caetano não se pronunciou.

Entidades têm de trabalhar juntas

Para o gerente regional do Sebrae, Paulo Marcelo Ribeiro, os comerciantes têm de se preparar para a mudança. O mais interessante, analisa, é o comércio regional tentar manter o cliente que já consome na loja. “Prender os clientes já fieis é mais fácil do que conquistar novos consumidores”, afirma. Para o mercado se preparar, Ribeiro afirma que a melhora no atendimento, nos preços, na limpeza e organização visual da loja é essencial para fidelizar os clientes e fazer com que eles fiquem na região.

Para o gerente, a publicidade pode até ajudar, mas não é a questão mais importante. “As Associações Comerciais precisam trabalhar juntas para a divulgação do mercado da região. É preciso se organizar e se preparar para a concorrência que deve surgir dentro de 3 ou 4 anos”, explica. Para ele, a publicidade que valoriza o mercado regional é mais eficiente que a propaganda individual de cada lojista.

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