Lembo cogita instalar pedágios no Rodoanel

O governador de São Paulo, look Cláudio Lembo, healing afirmou nesta terça-feira (19), durante o lançamento do início de obras do Trecho Sul do Rodoanel Mario Covas, na altura do km 26 da rodovia Anchieta, em São Bernardo, que há a possibilidade do Estado recorrer a concessões com pedágios, para suprir a falta de investimentos do Governo Federal, que é parceiro no empreendimento. O custo total orçado até agora para completar 61 km de pistas e despesas com desapropriações e compensações ambientais é de R$ 3,5 bi, num período de quatro anos.

A extensão total do Trecho Sul compreenderá 61km, sendo 4 km correspondentes à inclusão da avenida Papa João XXIII, em Mauá. O trecho ligará as rodovias Anchieta e Imigrantes com a Régis Bittencourt, e passará pelos municípios de Mauá, Ribeirão Pires, Santo André, São Bernardo, São Paulo, Itapecerica da Serra e Embu. O principal objetivo é facilitar a logística de escoamento ao Porto de Santos e ao Aeroporto de Guarulhos.

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Para o governador de São Paulo, Cláudio Lembo, a falta do repasse de verbas por parte do Governo Federal é um paradoxo, já que o investimento influiria na redução do custo Brasil. ?Mas acredito que o atraso é uma questão orçamentária e, não, política. Sem os recursos federais, a alternativa para o cumprimento do trecho Sul é a concessão, por meio de pedágios?, afirmou, demonstrando não querer criar polêmica, devido ao período de campanha eleitoral.

O secretário de Estado dos Transportes, Dario Rais Lopes, reforçou ontem que a possibilidade de parceria com a iniciativa privada poderá reduzir as obras de quatro anos para até dois anos e meio.

?Não só contribuiria com o trecho Sul, mas com o prolongamento da avenida Jacu Pêssego. Também incluiria a entrega da recuperação da Índio Tibiriçá, que estamos concluindo neste ano, complementada com a travessia Itaqua-Poá-Suzano, que sai da altura do km 36 da rodovia Ayrton Senna, sem passar pelos perímetros urbanos?, afirmou Lopes.

Guerra de números

De acordo com a Secretaria de Estado dos Transportes, a União teria empenhado R$ 33,9 milhões para 2006, que até agora não teriam sido repassados. Já o Governo Estadual aplicou R$ 200 milhões até o final do ano. O Ministério dos Transportes, por meio da assessoria de imprensa, informou ontem que não iria se posicionar a respeito, porque o ministro Paulo Sérgio Passos encontra-se em viagem. Somente adiantou, que na última sexta-feira, em declaração a um jornal econômico, o ministro havia informado que estaria empenhando R$ 50 milhões às obras, para o orçamento de 2007.

?A União repassou de janeiro de 2003 até agora, um total de R$ 30 milhões para o Rodoanel como um todo. Desse valor, R$ 22 milhões foram provenientes do governo anterior. Quando o ministro de Transportes fala que está alocando o recurso, ele não está mentindo, o que significa colocar no orçamento. Outra coisa é torna-lo realidade, o que lamentavelmente não aconteceu?, disse o secretário de Estado dos Transportes, ao ser questionado pela reportagem do Repórter Diário.

Segundo Lopes, ele também requereu para o orçamento estadual de 2007, uma verba de R$ 1 bilhão, mas já tem um apanhado suficiente de que esse montante não vai sair. ?Entre o que eu peço e o que é liberado pela Assembléia Legislativa, tem uma distância muito grande?, afirmou.

Justificativa

O governador justificou que o atraso de mais de cinco anos para a implementação do trecho se deveu principalmente a questões ambientais. ?A aprovação de licenças demorou praticamente seis anos, desde novembro de 2000?, disse Lembo. A secretária-adjunta de Estado do Meio Ambiente, Suani Teixeira, ao ser perguntada sobre o assunto, afirmou que hoje não há perigo de adiamentos das obras, em relação a essas exigências.

?Aprendemos muito ao longo desses anos, tivemos problemas em relação à divergências sobre competência do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) e da Secretaria, além de intervenções do MP (Ministério Público). Mas depois de três anos, conseguimos alcançar a sustentabilidade ambiental?, disse a secretária.

Desapropriações

O Dersa (Desenvolvimento Rodoviário S/A), subordinado à Secretaria, finaliza atualmente cadastramento de famílias que serão afetadas pelas obras, iniciado em junho deste ano. Estima-se que sejam aproximadamente 1,7 mil.

?Já compramos um prédio da CDHU (Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano) e estamos adquirindo mais um no Grande ABC, porque parte das famílias a ser desapropriadas, já tem terreno, outra tem de ser re-assentada, porque ocupa área sem documentação?, disse Lopes.

O secretário afirmou que um dos pontos mais complexos é uma área da Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo). A previsão para o começo das remoções é a partir de janeiro do ano que vem, de acordo com o secretário.

As intervenções do Trecho Sul do Rodoanel acontecerão em cinco lotes, divididos por diferentes empreiteiras vencedoras da licitação ocorrida em abril. A obra atingirá a área da avenida Papa João XXIII, em Mauá, os trevos da Anchieta e Imigrantes, a ponte da represa Billings, que fica na divisa de São Bernardo com São Paulo, e Parelheiros com a rodovia Régis Bittencourt.

Novo patamar

Segundo Lopes, a maior importância do Rodoanel será apresentar um novo patamar logístico ao país. O secretário de Estado dos Transportes disse que a análise é feita sobre a discussão de redução de custo logístico referente à exportação, relacionado à transporte, armazenagem, transbordo e desembaraço. Esse cálculo é feito sobre o PIB (Produto Interno Bruto).

?Temos o patamar de 13%. Para ser competitivo, que é o limite dos Estados Unidos para baixo, deve estar na faixa dos 8%. Ao fazer o Rodoanel haverá um ganho brutal no custo de transporte. Como o Porto de Santos movimenta 27% do comércio exterior, o impacto é muito grande, porque vai redefinir a competitividade brasileira no comércio exterior?, afirmou.

Expectativas

O complexo viário, de acordo com o prefeito de São Bernardo, William Dib, presente à solenidade, deverá diminuir o custo do recebimento de insumos e do transporte da produção para fora do Estado, por meio do Porto de Santos e aeroportos.

?A alça do Rodoanel, no trecho em São Bernardo, dará uma dimensão diferente de logística, inclusive, para o nosso país. O impacto ambiental será bastante reduzido, o que é um grande avanço. As compensações ambientais serão feitas, durante a obra, diferentemente do trecho Oeste, que ocorreu depois. Com isso, no término da construção, essas compensações já estarão prontas?, disse Dib.

Segundo o prefeito de Mauá, Leonel Damo, a extensão do trecho Sul do Rodoanel, para a avenida Papa João XXIII, em Mauá, levará empresas e mais empregos ao município. ?Essa obra é de suma importância, ligará com a avenida Jacu Pêssego até o Aeroporto de Guarulhos?, disse ele.

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