
As instituições de ensino particular já começam a fazer as matrículas e rematrículas para o ano letivo de 2026 e uma preocupação de pais é saber de quanto será o reajuste nas mensalidades. Entre 2024 e 2025 o reajuste aplicado ficou na média de 10% e, segundo o IBEE (Instituto Brasileiro de Estudos da Educação) para o próximo ano o aumento nas mensalidades escolares deve ficar na mesma média. No ABC muitas das instituições estão fechando este número, já que os processos de matrícula devem se intensificar após as férias escolares, entre agosto e setembro, mas a avaliação dos gestores é a de que estudo privado vá custar mesmo perto de 10% mais caro no ano que vem para os pais.
Para o coordenador do Curso de Ciências Econômicas da USCS (Universidade Municipal de São Caetano do Sul), Volney Gouveia, a inflação no setor de serviços tem sido maior que a de bens comercializáveis. “Nos últimos dois anos e meio, a massa de rendimentos aumentou em torno dos 30%, impulsionando a demanda de serviços. Isto tem pressionado os preços, principalmente dos itens educação e saúde. A expectativa é que as escolas sigam reajustando as mensalidades em função das pressões de custos. No entanto, é importante que as escolas analisem com cautela os reajustes para não perderem matrículas. É hora de ter prudência e avaliar adequadamente as condições para reajuste”, sugere.
Para o economista é possível que famílias tenham que fazer concessões para continuarem arcando com a mensalidade escolar e ele também vê que as escolas e universidades podem se manter e continuarem investindo com um reajuste mais moderado, abaixo dos 10%. “A classe média tem condições de melhor adequar o orçamento diante das elevações de preço de itens específicos. O problema é ter de reduzir outros itens de consumo para evitar estourar o orçamento. Vejo ser possível reajustar abaixo dos 10%. As entidades já reajustam suas mensalidades no inicio do ano, contando com eventuais aumentos de custos futuros. Novamente, é preciso é evitar reajustes antecipados para não comprometer os índices de inflação futuros. Os custos atingem todas as escolas, mas aquelas que tiverem uma estrutura mais enxuta e eficiente, terão melhores condições de evitar reajustes maiores e manter seus estudantes matriculados, além de poder atrair estudantes de outras escolas.”, completa.
Para Eduardo Zamborlini, supervisor de matrículas do colégio Singular, que tem unidades em Santo André, São Bernardo e São Caetano, a intenção do colégio é fazer o menor reajuste possível para ajudar as famílias, porém os custos estão altos e é preciso equalizar essa conta. “No ano passado tivemos um reajuste de 5,5%, que foi o menor possível. Nesse ano temos o custo da energia que aumentou, unidades que funcionam e prédios locados tiveram aumento no aluguel e temos alunos que contam com um pacote de alimentação, pois ficam no período integral, e o custo do alimento subiu de forma absurda. A gente sente isso também na conversa com os pais, pois a inadimplência subiu e procuramos negociar. Ou seja, no meio de uma campanha de matrículas a gente já vê esse movimento de busca por negociação”, aponta.
O Singular tem uma média anual de mil a 1,2 mil de novo alunos que entram. As matrículas e rematrículas já estão abertas, mas o percentual de reajuste ainda não foi definido, o que deve acontecer mais para o fim do ano. “Apresentamos facilidades, com a matrícula dividida no cartão em cinco vezes, antes era possível dividir só em três. A gente tem que ter em mente que o pai já paga uma mensalidade no ano corrente. Tem também um desconto escalonado, ou seja, quem fizer a matrícula antes tem um percentual maior de desconto. Sobre a mensalidade eu acredito que para 2026 devemos ficar na linha dos 10% mesmo”, diz Zamborlini. O Colégio Singular também tem um concurso de bolsas para ingresso no 6° Ano do Fundamental e no Ensino Médio; as condições estão no site da instituição.
No colégio Stocco, de Santo André, a gestão ainda não definiu qual será o reajuste. As matrículas e rematrículas terão início em agosto. O colégio tradicional com 70 anos de história, fez um recente investimento no prédio do Ensino Médio e viu também os custos com infraestrutura e energia subirem, como por exemplo, o preço da energia e a necessidade de climatização das salas de aula. “Quanto às mensalidades ficamos geralmente na média das escolas da região e fazemos o possível para que os pais continuem usufruindo de uma educação de tradição com um ambiente acolhedor para seus filhos. A gente reajusta dentro do mínimo para suportar os custos como, por exemplo, o aumento do salário dos professores”, diz a diretora Jozi Stocco.
Ela conta que as mensalidades devem ser definidas mais para o fim do ano, mas há espaço para negociação. “Os pais podem enviar uma proposta, que é encaminhada para o comitê de descontos que avalia a possibilidade. Assim também as pessoas se sentem mais acolhidas, que é a nossa proposta”, completa Jozi.
Salvatore Saggio Medeiros, diretor de planejamento do Colégio Júlio Verne, com duas unidades em Diadema e que atende da pré-escola ao Ensino Médio, diz que o martelo ainda não foi batido quanto aos valores exatos do reajuste para o próximo ano, mas eles devem ficar entre 8% e 12%, dependendo do curso. “Como já temos um bom preço no Ensino Médio, temos ali o resjuste menor, já o aumento maior fica para anos iniciais do Ensino Fundamental, porque tivemos um grande investimento para atendimento a alunos atípicos e, como queremos seguir exatamente o que a lei determina, tivemos mais contratação de pessoal. Hoje há uma necessidade maior de inclusão”, explica.
Com os investimentos importantes feitos ao longo do último ano na segunda unidade do Júlio Verne, o que permitiu aumentar o número de vagas em cerca de 50%, o colégio está agora no compasso de consolidação deste processo de ampliação. A grande novidade é a mudança do sistema pedagógico para o SAS (Sistema Ari de Sá). “Essa é uma plataforma com a qual fizemos uma parceria muito forte e que é primeiro lugar em aprovação no Enem (Exame Nacional do Ensino Médio)”, anuncia. Nas mensalidades, o diretor explica que há descontos para os pais que pagarem antecipado e descontos também no parcelamento pelo cartão de crédito.
No IMT (Instituto Mauá de Tecnologia) cujos campi ficam em São Caetano e tem São Paulo, o reajuste para o ano corrente nas mensalidades ficou em 6%, em média, para 2026 isso ainda não foi definido. Segundo o reitor Marcello Nitz os aumentos vão respeitar os critérios legais e refletir os custos de manutenção da qualidade de ensino e infraestrutura. “A definição do reajuste para 2026 será feita entre novembro e dezembro, considerando o cenário econômico do período, os investimentos planejados e a sustentabilidade da operação”, salienta.
Nitz diz que a Mauá trará uma série de novidades para o próximo ano. “Teremos investimentos em infraestrutura, inclusive no campus de São Paulo, que voltará a receber cursos de graduação; novos cursos de graduação no campus de São Caetano, incluindo bacharelados e cursos superiores de tecnologia; ampliação do portfólio de pós-graduação, com o início da oferta de cursos a distância; expansão e modernização de laboratórios; uso pioneiro de ferramentas de inteligência artificial”, cita o reitor que acredita num crescimento importante nas matrículas para 2026. “A expectativa é de crescimento significativo nas matrículas, impulsionado pela ampliação do portfólio de cursos e pela consolidação da Mauá como uma instituição de excelência não apenas em engenharia, mas também nas áreas de Negócios, Tecnologia da Informação, Design e Arquitetura. O desempenho expressivo no Enade (Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes), que posiciona a Mauá entre as melhores instituições do país, também tem sido um fator importante na atração de novos estudantes”, completa.
Na FMABC, as matrículas e rematrículas já começaram, porém o percentual de reajuste só será conhecido em setembro, conforme informou a instituição.