
Imagine a situação de deixar seu carro estacionado em determinado local e, quando voltar, encontrar ele sem as quatro rodas. Esse tipo de furto está se tornando vem comum. Diversos relatos desta nova modalidade de delito chegaram às redes sociais nos últimos dias, pelo menos duas dezenas no último mês. A situação é parecida em todos, os carros estavam em locais de pouco movimento, com iluminação deficiente e longe de câmeras que pudessem identificar os criminosos ou o veículo que usam. A polícia está ciente da situação, mas ainda não tem uma identificação dos responsáveis por esses crimes.
Os casos estão acontecendo com frequência em Santo André, perto do Parque Central, e também em São Bernardo, onde foi registrado o caso mais recente, de um Volkswagen T-Cross que foi estacionada no entorno do Ginásio Poliesportivo, no Jardim do Mar. O motorista, um ciclista, quando voltou para o seu carro o encontrou sobre dois macacos e sem as quatro rodas. Em rede sociais pessoas relatam já terem sido vítimas deste tipo de crime, uma destas pessoas relatou ter ficado com um prejuízo de R$ 6 mil.
O coronel Fernando Carvalho, comandante do 6° Batalhão da Polícia Militar, responsável pelo policiamento em São Bernardo e São Caetano, diz que a polícia está tentando informações para identificar esses criminosos. “Não temos informações de quem seriam os autores. Temos trabalhado muito na prevenção de furtos e roubos, contudo criminosos presos por furto são postos em liberdade na audiência de custódia na manhã seguinte, é a porta giratória do crime, prende em um dia e é posto em liberdade no dia seguinte”, lamenta.
O comandante diz que os bandidos se aproveitam da oportunidade e sugere que os motoristas adotem uma postura preventiva. “A prevenção é a melhor ferramenta então o recomendado é estacionar em locais movimentados e iluminados o que inibe a atuação dos criminosos e usar um parafuso de segurança por roda, medida salutar que dificulta a ação dos bandidos”, recomenda. Quem vir uma situação suspeita pode denunciar no 190, não é preciso se identificar.
O professor de direito penal e coordenador do Observatório de Segurança Pública da USCS (Universidade Municipal de São Caetano do Sul), David Pimentel Barbosa de Siena, reforça as recomendações do coronel da PM, sobre o parafuso antifurto e a escolha do melhor local para estacionar. “Procurar ter um seguro em que a apólice contemple esse tipo de sinistro, alarmes, sendo que alguns são acionados com elevação do veículo e tem no mercado dispositivos antifurto de rodas, que podem dificultar. Além disso a atitude preventiva de não estacionar em locais inseguros, sempre que possível buscar estacionamentos ou locais iluminados. A disponibilidade faz toda a diferença, se o carro estiver em rua erma, escura, a disponibilidade vai falar mais alto”.
Para Siena, essa modalidade de crime segue a mesma lógica dos roubos e furtos de veículos inteiros, que é a existência de um mercado que consome peças usadas sem a comprovação de origem. “Do ponto de vista criminológico isso não é diferente de furto e roubo de veículo em geral. Os criminosos praticam isso pelos mesmos propósitos; obter recursos ilícitos, motivados por economias criminais, ou seja, tem receptadores destes objetos que vão estar dispostos a pagar para quem se disponha a furtar. Por outro lado, tem o cidadão que compra peça sem procedência, é um ciclo que se retroalimenta. Para agir nesses casos o Estado precisa investir mais em patrulhamento, na investigação, sobretudo em cima dos receptadores. Investir também em tecnologia, como na ampliação das Muralhas Eletrônicas”, completa.