
Balanço da Coop aponta que R$ 72,9 milhões foram investidos em 2024, em inovação, equipamentos, reformas e abertura e novas lojas. O levantamento indica também desafio do setor supermercadista frente ao endividamento das famílias, das BETs, que drenam parte do orçamento familiar, além da própria concorrência no setor, que fizeram a rede supermercadista ter uma retração de 3,6% em relação ao resultado de 2023.
A rede, que tem cerca de um milhão de cooperados ativos, 70 anos de história iniciada no ABC onde tem a maior parte (77,24%) das suas operações, e cerca de 6 mil colaboradores, apresentou logo após assembleia com a diretoria, os resultados de 2024 que revelam o faturamento de R$ 2,6 bilhões no ano passado, uma queda de 3,6% se comparado com o resultado de 2023, que fechou em R$ 2,7 bilhões.
Para o diretor geral da Coop, Pedro Luiz Ferreira de Mattos, essa retração é resultado de fenômenos econômicos que se intensificaram em 2024 e de uma postura da rede também, mas que isso não reflete uma crise ou diminuição do ritmo de crescimento. “Mais de 70% das atividades da Coop estão no ABC onde estão os principais players deste mercado e essa concorrência, aliada ao endividamento das famílias em que quase 80% estão endividadas e destas 40% estão inadimplentes, presas ao cartão de crédito, principalmente, onde são cobrados juros de 480% ao ano, leva o dinheiro para o setor financeiro. Além disso temos as BETs que entraram como mais um competidor pela renda das famílias, além da inflação estimulada pelo câmbio”, analisa.
Concorrência
De acordo com o balanço são 318 pontos de concorrência que estão na zona de influência das lojas Coop. “Essa concorência se transforma em uma verdadeira ‘Faixa de Gaza’ a disputa pelo consumidor”, diz Mattos que explica que também foram adotados mecanismos internos de organização das promoções. “A dificuldade na disputa de renda leva a uma mudaça de hábito tanto do consumidor como a mudança de comportamento da concorrência. Muita gente faz um aumento de carga promocional e isso se torna lesivo ao negócio. Em 2023 chegamos a picos de 45% de promoshare, ou seja, de cada 100 produtos vendidos, 45% tinham descontos, e isso não para em pé. Excesso de carga promocional destrói resultado e a gente não faz mais isso, a gente reduziu a nossa carga promocional para 25% e 30%, que são as médias históricas, então nós desistimos de brigar pelo cliente caçador de oferta, preferimos preservar o cliente que prioriza a experiência de qualidade de compra, como o ambiente mais agradável e os funcionários prontos para atendê-lo”, diz o diretor geral da Coop.

Mattos aponta que apesar da retração sensível no faturamento o resultado foi mais positivo. “Para irmos para uma carga promocional predatória, acaba se sacrificando emprego, o atendimento e a experiência de compra. Entendemos que o nosso cooperado não procura isso, ele procura uma experiência de compra mais completa. Isso explica muito do que a gente viu de mudanças, no nosso faturamento um pouco para menos e no nosso resultado muito para mais”, diz o diretor.
E-commerce
No ano passado houve uma mudança nos sistemas de vendas digitais da Coop e foram criados dois novos aplicativo, um para o setor de supermercados e outro só para farmácias. O crescimento das vendas on-line na Coop foi de impressionantes 92% entre 2023 e 2024 e a rede pretende continuar investindo neste segmento e a meta é crescer mais 30% neste ano. Atualmente faturamento das vendas fechadas no ambiente virtual simbolizam o mesmo de uma loja física. Foram 441 mil pedidos pela internet só no ano passado.
“Nosso e-commerce precisa crescer ainda mais, mas para isso a gente precisa que a experiência do cliente seja completa, com o mesmo tipo de acolhimento que ele recebe numa loja física e por isso a gente vai continuar investindo no e-commerce, para que ele seja cada vez mais amigável e agradável para o cooperado. É um engano acreditar que só o jovem faz compras on-line, temos quase de 85% do público 65+ já fez compras em canais digitais então a gente precisa ter todos os canais à disposição, seja via WhatsApp, seja através do aplicativo. A gente sabe que o e-commerce tem potencial muito maior. Uma loja física é 3% do faturamento e a gente acredita que podemos ser muito mais do que isso”, diz Mattos sobre o comércio digital.
Apesar do crescimento na internet a Coop pretende continuar investindo em 2025 nas lojas físicas com a reforma de 25 delas. Mattos, no entanto, não disse quais serão e nem se serão entregues novas lojas.
Distribuição
A Coop também definiu a distribuição de sobras, no montante de R$ 18 milhões em 2025, sendo que R$ 650 mil serão doados a entidades beneficentes e o restante distribuído aos cooperados.
Considerada a maior cooperativa de consumo da América Latina, a Coop registrou mais de 906 mil adesões de novos cooperados nos últimos dez anos, sendo 152 mil novas associações apenas em 2024. No último ano, cerca de 1,3 milhão de clientes fizeram compras nas unidades da Coop, totalizando 33,41 milhões de transações registradas nos checkouts. Como resultado, os cooperados que realizaram compras em 2024 terão direito a uma distribuição proporcional de R$ 17,350 milhões em sobras a partir de maio.