A presença de oito cavalos soltos pelas ruas de Rio Grande da Serra, especialmente nas proximidades do cemitério na Estrada Rio Pequeno, tem gerado reclamações dos moradores. Contam que os animais, já avistados em diversos pontos da cidade, não só reviram sacos de lixo espalhados, como também já protagonizaram incidentes com pedestres e motoristas.
Um morador, que preferiu não se identificar, relatou que a situação persiste há pelo menos dois anos. “Esses cavalos aparentemente têm dono, mas vivem soltos, rasgam sacos de lixo e já causaram acidentes. Há relatos de coices em pessoas e problemas nas rodovias. O poder público diz que não pode fazer nada, enquanto isso, os animais também sofrem, comem lixo e vivem em condições de maus-tratos”, afirma.
Outra moradora, do bairro Oásis Paulista, descreveu a rotina com os cavalos na região “Eles reviram lixo, dormem no meio da rua e causam medo. Todos reclamam, mas as autoridades fingem que não sabem. Esses cavalos estão mais presentes nas ruas do que os próprios vereadores”, compara.
O problema parece se agravar com o tempo. Um morador relata o aumento do número de cavalos soltos. “Antes eram seis, agora já são oito. Esse número tem crescido e ninguém faz nada. Não sabemos nem a quem recorrer”, disse. Outra moradora aponta que os cavalos transitam por diversos pontos da cidade, como o bairro Trevo, o Parque América e o bairro Santa Teresa.
O que diz o especialista?
O RD conversou com o médico veterinário Jefferon Vilela, que detalhou os riscos que os cavalos abandonados podem representar para a população e para eles mesmos. Afirma que esses animais podem dar coices ou morder, principalmente em crianças que se aproximam sem entender o perigo. O risco de atropelamentos também é altíssimo”, alertou.
Sobre atropelamentos, Vilela trouxe dados preocupantes: “Se um veículo colidir com um cavalo a 40 km/h, no mínimo, o motorista quebrará uma perna. A 60 km/h, a pessoa terá lesões nas duas pernas. Em velocidades acima de 60 km/h, o risco de óbito sobe para 70%. Esses animais soltos em rodovias representam um perigo real e imediato”, explicou.
Os próprios cavalos também estão expostos a problemas graves. “Eles comem sacolas de lixo, o que pode causar cólicas fatais. Além disso, correm risco de transmitir doenças como verminoses, carrapatos e até raiva, que embora rara no Brasil, não é impossível”, completou o veterinário.
O que diz a legislação e as autoridades?
A Lei de Proteção aos Animais (Decreto-Lei nº 24.645/1934) proíbe o abandono e os maus-tratos a animais, o que configura prática de crime. “Apesar disso, os moradores relatam que as reclamações feitas à Prefeitura, à Secretaria do Meio Ambiente e à polícia não têm resultado em soluções efetivas”, comenta.
O RD contatou a Prefeitura de Rio Grande da Serra, que informou que os animais serão recolhidos e o proprietário multado. “Diante dos atos de negligência dos proprietários, a Prefeitura estabelecerá uma campanha de apreensão e recolhimento dos animais de grande porte que forem flagrados soltos em viários públicos, praças, parques e demais dependências públicas. Informa ainda que, além das multas aplicáveis, todos custos do recolhimento e estadia dos animais serão suportados pelos seus titulares, pois não há abrigos públicos na região”, diz a nota.
Recomendação aos moradores
Enquanto a situação não é resolvida, o veterinário Jefferon Vilela orienta a população a evitar contato direto com os cavalos. “Não joguem pedras, não tentem montar nos animais e evitem oferecer alimentos, já que isso pode causar cólicas. O ideal é continuar pressionando as autoridades competentes para que tomem providências urgentes”, completa.