Por conta das mudanças bruscas de temperatura, algumas patologias se sobressaem pela facilidade de contágio, como as doenças respiratórias. No ABC, a Atenção Hospitalar e as UBSs (Unidades Básicas de Saúde) atenderam cerca de 94 mil pacientes com algum sintoma, este ano, em Diadema, Mauá, Santo André e São Caetano. A maioria foi diagnosticada com os vírus influenza (gripe) e covid-19.
Entre as cidades, Santo André lidera com aproximadamente 53 mil atendidos nas unidades de saúde. Entre as patologias registradas, estão a influenza, sinusite aguda, nasofaringite aguda (resfriado comum) e pneumonia.
Já São Caetano, em 2024 na Atenção Hospitalar e nas UBSs foram 30 mil atendimentos. Dentre as doenças respiratórias, as síndromes gripais foram as mais frequentes durante o período, seguida de infecções de vias áreas superiores, bronquiolite e laringite. Há outros vírus que causaram as síndromes gripais e dentre eles um dos mais importantes é o vírus influenza. Além disso, as infecções respiratórias agudas estão associadas a outros agentes, como a covid-19.
Diadema registrou neste ano 10 mil casos de sintomáticos respiratórios, sendo que 1,8 mil foram diagnosticados com covid-19, 21 com influenza e 27 com outros vírus respiratórios (vírus sincicial respiratório). Além disso, 187 desenvolveram o quadro de SRAG (Síndrome Respiratória Aguda Grave). Foram registrados 612 casos de pacientes nas unidades de saúde de Mauá por alguma doença respiratória, assim como as demais cidades, pela influenza e covid-19.
São Bernardo não informou a quantidade de pacientes que deram entrada neste ano devido a doenças respiratórias. Porém diz em nota que, em média, 30% dos atendimentos mensais das UPAs (Unidades de Pronto Atendimento) se referem a algum sintoma de síndrome respiratória.
Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra não informaram ao RD os números de pacientes com doenças respiratórias em 2024 até o fechamento desta reportagem.
Mudanças climáticas
As variações na amplitude térmica ou mudanças climáticas trazem junto o aumento de crises respiratórias, sendo as exacerbações de doenças crônicas como a rinite alérgica, asma e a própria doença pulmonar obstrutiva crônica, que muitos conhecem como enfisema pulmonar, além de impulsionar o contágio de vírus como a influenza e a covid-19.
Para o pneumologista e integrante do Grupo de Estudo e Pesquisa Respiratória na Atenção Primária à Saúde (Gepraps), da Faculdade de Medicina ABC, Italo Giovanni Bonatto, as variações climáticas proporcionam um aumento considerável da poluição ambiental e microparticulado, levando ao surgimento dos casos. “Temos também a maior exposição a ácaros e poeira doméstica. Isso porque tiramos os cobertores, casacos, cachecóis do guarda-roupa, de maleiros que estavam guardados há um bom tempo, e não há uma preocupação em realizar uma higienização prévia antes do uso”, explica.
Bonatto diz que a junção da maior circulação de vírus respiratórios, baixa adesão a vacinas e aglomerações também contribui para o surgimento de crises e aparecimento das doenças respiratórias.
Vacinação
A forma de prevenção mais recomendada para evitar ou minimizar complicações da influenza e da covid-19 é a vacinação. Os municípios disponibilizam as vacinas para prevenção das duas patologias nas UBSs, especialmente para os grupos de pessoas mais suscetíveis ao contágio.
“Prevenção sempre será a melhor forma de tratamento. Atualizar a cartilha vacinal, prezar por bons hábitos, e para os asmáticos não deixar de usar as ‘bombinhas’ já ajudam a evitar o contágio das doenças respiratórias”, diz o médico. Bonatto recomenda, ainda, evitar atividades ao ar livre em momentos de alto índice de poluição e baixa umidade do ar para a saúde pulmonar.