ABC - sexta-feira , 9 de maio de 2025

Usuários de Mauá e S.André relatam falta de acessibilidade em estações da CPTM

Lei promulgada em 2019 prevê obrigatoriedade de adaptação aos PCDs em estações de trem da CPTM (Foto: Divulgação)

Na Grande São Paulo, a CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos) é responsável por parte do serviço de transporte público sob os trilhos da população. Os usuários do ABC representam 7% da população usuária de trens, total de 204 mil passageiros diariamente, segundo a concessionária. Porém, o serviço deixa a desejar, principalmente nas estações de Mauá e Santo André, onde falta de acessibilidade para PCDs (pessoas com deficiência). A concessionária diz que o edital para obras nessas estações será publicado neste semestre.

Promulgada em 25 de junho de 2019, a PL 782 /2019 tornou obrigatória a adequação das estações e demais dependências da CPTM, para garantir a plena acessibilidade às pessoas com deficiência ou com mobilidade reduzida.

Newsletter RD

Apesar disso, existe dificuldade de locomoção no espaço interno de algumas estações, como reclama o cadeirante Márcio Barzi, de 49 anos, ativista nas causas PCDs, ao falar das dificuldades enfrentadas em Mauá. “Mesmo pegando o trem mais vezes em Guapituba, não sinto a dificuldade de me locomover como em Mauá, que tem uma estrutura que não favorece a pessoa com deficiência. Quem embarca em Mauá precisa ir para Capuava ou Guapituba para acessar uma rampa que possibilite a transferência entre as plataformas, o que é um absurdo”, diz ao ao apontar que os colaboradores prestam atendimento eficiente apesar da má estrutura da estação.

Mauá conta com alguns problemas de acessibilidade aos PCDs, como a falta de piso tátil para deficientes visuais, indicativos nas escadas em braile e meio de acesso às plataformas sentido Rio Grande da Serra e Jundiaí para cadeirantes. A estação possui apenas uma saída para deficientes físicos, mesmo que não haja uma maneira destes trafegarem pelas plataformas de forma independente. “Acho que falta interesse político. Tem muito vereador em Mauá que diz defender a causa PCD e tal, mas não compra essa briga com a CPTM”, comenta Barzi.

Santo André possui apenas uma entrada para cadeirantes (Foto: Henrique Araújo/Repórter Diário)

Em Santo André

Duas estações sentido Jundiaí, ainda na Linha 10 Turquesa depois de Mauá, se encontra Santo André, também alvo de reclamações por parte dos usuários. São problemas similares: falta de piso tátil para deficientes visuais, somente uma rampa de acesso para a plataforma sentido Jundiaí e nenhuma para o sentido Rio Grande da Serra.

A estação carece de indicadores em braile nas escadas e também de acesso a cadeirantes para quem vem do acesso subterrâneo da estação, que conecta diretamente com o terminal rodoviário.

“Já precisei ir até São Paulo, levar e trazer encomendas de minha esposa, que é costureira, e descer as escadas com malas e sacolas e depois subir, para pegar ônibus. Em algumas ocasiões, tive de pedir auxílio aos guardas ferroviários, o que é uma situação constrangedora que não ocorreria se tivesse elevadores e escadas rolantes”, diz Luiz Felipe Mendes de Oliveira (65), residente de Santo André.

Oliveira comenta que já presenciou situações de dificuldades por parte de idosos e deficientes, o que lhe causa muito incômodo com a situação a que são submetidos diariamente. Diz que já enviou diversos pedidos à Prefeitura, até mesmo mensagens para a assessoria do prefeito Paulo Serra, mas nunca teve retorno.

Legislações não cumpridas

Para o coordenador do curso de Arquitetura e Urbanismo da FSA (Fundação Santo André), Enrique Staschower, a desigualdade que ocorre do ABC para a Capital é destoante, e reforça as necessidades de adaptar as estações de trem para PCDs. “Não se vê esse desinteresse em outras regiões de São Paulo, como na Faria Lima e no Jardins, por exemplo. Ali você não tem isso. E é isto que é desigual e que vemos acontecer nessas duas estações”, diz.

Segundo Staschower, a necessidade de prover acessibilidade, não só para quem é cadeirante, mas para quem tem deficiência visual, é algo que está assegurado por várias legislações, como a PL 782 /2019. “Mas que sem dúvida há uma negligência e uma falta de vontade de fazer isso ser atendido”, afirma.

O que diz a CPTM

Por meio de nota, a CPTM diz que o processo para a contratação de obras para a adequação de acessibilidade que contempla as estações Santo André e Mauá, na Linha 10 – Turquesa está em andamento e será realizado nos mesmos moldes das estações Utinga, Prefeito Saladino e São Caetano. O edital para obras será publicado no 2º semestre de 2024, sem uma data certa de divulgação.

Receba notícias do ABC diariamente em seu telefone.
Envie a mensagem “receber” via WhatsApp para o número 11 99927-5496.

Compartilhar nas redes