Nos últimos anos, um aumento significativo no número de crianças diagnosticadas com diabetes tipo 2 (quando o corpo não aproveita adequadamente a insulina produzida) preocupa especialistas, que atribuem essa tendência à piora dos hábitos alimentares, em que produtos saudáveis e frescos foram substituídos por alimentos ultraprocessados e com muito açúcar.
Em entrevista ao RDtv, a médica endocrinologista do Hospital Brasil, da Rede D’Or, Juliana Cavalieri, conta que há alguns anos a crianças eram diagnosticadas com a diabetes tipo 1 (quando o próprio sistema imunológico ataca as células que produzem a insulina), mas com a facilidade de consumir alimentos ultraprocessados e o aumento do sedentarismo, o diabetes tipo 2 tomou conta dos diagnósticos infantis da doença. “O grande problema não é ter o diabetes, mas sim as complicações que essa doença causa com o passar dos anos. Quando se tem o diagnóstico quando criança, a chance de se ter graves complicações quando for um jovem adulto são muito maiores, ainda mais quando se trata do tipo 2”, diz.
A médica acrescenta que na grande maioria dos casos, o diabetes tipo 2 não ocasiona sintomas, no entanto, quando os níveis de glicose estão extremamente elevados no sangue, podem existir sintomas como perda de peso, fome e sede excessivas e vontade frequente de urinar/aumento do volume de urina. “Quando se trata de tratamento, ele deve ser realizado através da prescrição de medicações orais ou, dependendo do caso, de insulina. Em casos onde o paciente está muito consumido pelo diabetes, a aplicação da insulina é necessário, mas é importante frisar que a partir do momento que o paciente sai do estado de gravidade, ele poderá sair da insulina e controlar o diabetes com medicamentos orais”, completa.
Juliana reforça ainda que a evolução de medicamentos para o tratamento não para de crescer e, felizmente, muitos podem ser encontrados na rede pública de saúde. A especialista cita novidades como o Xigduo, a Tirzepatida que controla a glicose no sangue e proporciona saciedade, análogos GLP-1, que são uma classe de medicamentos utilizados no tratamento de diabetes tipo 2 e obesidade, que estimulam a secreção de insulina após uma carga oral de glicose. “Todos esses medicamentos focam na diminuição de complicação do diabetes e não apenas nos índices de glicemia. Essas medicações diminuem muito a chance de infarto, derrame, cuidam dos rins para não precisar de diálise e cada novo remédio é melhor que o anterior para evitar possíveis distúrbios”, finaliza.